ColunistasFrei Marcos Sassatelli, op

CEBs: uma Igreja que é sinal visível do Reino de Deus no Mundo

Podcast Outro Papo de Igreja, do Serviço Teológico Pastoral

Na sinagoga de Nazaré, Jesus retomou as palavras do profeta Isaías e fez delas o seu programa de missão e de vida: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a Boa Notícia (do Reino de Deus) aos pobres. Enviou-me para anunciar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e para anunciar o ano da graça do Senhor”. E acrescentou: “Hoje se cumpre essa passagem da Escritura que vocês acabaram de ouvir” (Lc 4,16-21).

O “hoje” de Jesus é também o nosso “hoje”, é o “hoje” das CEBs. O Reino de Deus – que o evangelista Mateus e sua Comunidade chamam Reino dos Céus – é a Sociedade do Bem-Viver e do Bem Conviver (como dizem os nossos irmãos e irmãs indígenas); é o Mundo Novo acontecendo na história do ser humano, da Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum e do universo inteiro. 

Em outras palavras, o Reino de Deus é a Páscoa acontecendo: passagem da morte (e tudo o que ela significa) para a vida nova em Cristo, até sua plenitude na meta-história (na eternidade), a casa de nosso Pai-Mãe, que é Deus. Essa é a salvação trazida por Jesus!

Costuma-se dizer: “Jesus veio para nos salvar”. Ora, “Jesus nos salva” suscitando em cada um de nós o desejo de entrar livre e conscientemente – nele e com ele – no caminho da vida nova até sua plenitude, que é a meta final de todos e todas nós. É esse o caminho da realização humana, da felicidade, da salvação!

Como Igreja que “nasce do Povo pelo Espírito de Deus”, que “atualiza o jeito de ser de Jesus de Nazaré” e que “se constitui de irmãos e irmãs em comunhão”, as CEBs – mesmo com suas limitações humanas – são uma Igreja que, pelo testemunho e pela palavra, anunciam a Boa Notícia de Jesus de Nazaré – o Reino de Deus – aos pobres e a todos aqueles e aquelas que – ao lado dos pobres e junto com eles e elas – querem seguir Jesus, “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).

As CEBs são, pois, uma Igreja “em saída permanente”, que se encarnam na vida do povo e se tornam sal da terra, luz do mundo e fermento na massa

As CEBs são ainda uma Igreja que escuta os sinais dos tempos à luz do Evangelho. “Para desempenhar sua missão a Igreja, a todo momento, tem o dever de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho”. Por isso, “é necessário conhecer e entender o mundo no qual vivemos, suas esperanças, suas aspirações e sua índole frequentemente dramática” (GS 4). 

“Como discípulos/as de Jesus Cristo, sentimo-nos desafiados/as a discernir os ‘sinais dos tempos’ à luz do Espírito Santo, para nos colocar a serviço do Reino, anunciado por Jesus, que veio ‘para que todos tenham vida e para que a tenham em plenitude’ (Jo 10,10)” (Documento de Aparecida – DA 33). 

Por fim, as CEBs são uma Igreja sinal visível (sacramento) do Reino de Deus no mundo. “O Reino de Deus está no meio de vocês” (Lc 17,21). “Felizes os Pobres no Espírito (no Amor), porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). “Felizes os perseguidos por causa da Justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,10).

O Reino de Deus (o Projeto de Vida de Jesus de Nazaré) é o Projeto de Vida mais “revolucionário” que existe. Nesse Projeto todos e todas – sem nenhum tipo de discriminação – são iguais em dignidade e valor, irmãos e irmãs em Cristo no Espírito Santo (no Amor), filhos e filhas do mesmo Pai-Mãe, que é Deus.

Em Cristo e no Espírito Santo (no Amor), Deus está sempre presente na nossa caminhada. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (por minha causa e do meu Projeto), aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20) “Eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).

Para tomar consciência e fazer a experiência de quanto Deus nos ama, meditemos as palavras do Papa Francisco: “A presença de Deus no meio da humanidade não se concretizou num mundo ideal, idílico, mas neste mundo real, marcado por muitas situações boas e más, caracterizado por divisões, maldade, pobreza, prepotências e guerras. Ele quis habitar na nossa história como ela é, com todo o peso de seus limites e dos seus dramas. Agindo desse modo, demonstrou de modo insuperável a sua inclinação misericordiosa e repleta de amor pelas criaturas humanas. Ele é Deus Conosco; Jesus é Deus Conosco” (Audiência Geral, 18/12/13). Com esta certeza, continuemos a caminhada!

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