NOTA EM APOIO A DOM ANGÉLICO SÂNDALO BERNADINO

Na manhã de sábado (07/04) foi realizada uma celebração inter- religiosa em memória da dona Marisa Letícia, que se estivesse viva, estaria completando 67 anos. A celebração que teve a presença de diversas lideranças religiosas, contou também com a presença de Dom Angélico, bispo emérito de Blumenau – SC.

Dom Angélico se tornou auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, então comandada por dom Paulo Evaristo Arns, e permaneceu nesta função por 25 anos, tendo atuado junto à Pastoral Operária e sido diretor do jornal da arquidiocese, “O São Paulo”. Foi já na condição de bispo que dom Angélico se encontrou com Lula pela primeira vez, justamente no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no fim dos anos 70. Portanto, é necessário respeitar sua história de atuação junto aos perseguidos.

A celebração aconteceu para a multidão que se concentrou à frente do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernado – SP, onde Lula acompanhado de várias lideranças políticas se encontrava desde que sua prisão foi decretada na ultima quinta feira (06/04).

A Igreja – Povo de Deus em Movimento publicou uma nota de solidariedade à dom Angélico Sândalo Barnadino.

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Recebemos com espanto e tristeza o posicionamento de católicos cristãos contra Dom Angélico, por ter presidido a Celebração da Palavra em memória de Marisa Leticia e em solidariedade a Lula neste último sábado (07/04/2018).

Repudiamos o lamentável comentário do Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer que criticando esta celebração, disse:

1. Ter sido instrumentalizada pela política;
2. Ter sido uma iniciativa pessoal;

Portanto, a nota do Arcebispo posicionou-se a favor da separação entre política e religião, culto e vida. Isso não condiz com seus atos. Segundo o Jornal o Globo, em 10 de outubro de 2016, ”Temer reza no Alvorada com católicos pela aprovação da PEC do teto”[…]“recebeu cerca de 15 representantes da Igreja Católica, como o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e o arcebispo do Rio, o cardeal Dom Orani João Tempesta. O grupo foi à capela rezar, ao fim do encontro”. Conforme o Estado de São Paulo, em 16 de outubro de 2017, Dom Odilo apoiou o prefeito de São Paulo, João Doria, na Lei que instituía a “farinata”, rejeitada pela população como “ração humana”.

De fato, _”não houve participação da CNBB e nem da Arquidiocese de São Paulo”. Mas, um bispo corajoso se fez presente como discipulo de Jesus Cristo e Bispo da Igreja.

Óbvio que São Bernardo do Campo não é jurisdição eclesiástica na qual o Cardeal de São Paulo teria algum poder. Em tempo de redes sociais as fronteiras geográficas não são limites para a ação evangelizadora.

Por isso, nos somamos a todos os cristãos e cristãs, em especial, a Dom Angélico Sândalo Bernardino, e aos padres presentes nesta celebração. Como afirmou Dom Angélico: “optou-se por uma Celebração da Palavra envolvendo o grave momento por que passa o Brasil, vítima de recente golpe levado avante por grandes interesses econômicos, com a aprovação do Parlamento e agora a politização do Judiciário. Não se trata de celebração político-partidária e sim de súplica pela Paz, fruto de verdade, justiça, misericórdia, solidariedade e amor fraterno”.

Dom Angélico está do lado certo da História, como esteve Dom Paulo Evaristo Arns na celebração ecumênica, em 1975, pelo assassinato de Vladimir Herzog na Catedral de São Paulo e, nos anos 80 acionando a mídia contra a prisão de Lula.

Estar do lado certo da história é lutar contra arbitrariedades, contra a cultura do ódio e da intolerância para anunciar amorosamente a ressurreição.

Igreja – Povo de Deus – em Movimento
São Paulo, 8 de abril de 2018.

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