O que são CEBs

À primeira vista parece esta uma pergunta de fácil resposta. Mas não é tão simples, Depois de tantos anos de existência das CEBs no Brasil e de tudo o que especialistas (cientistas sociais, teólogos e pastoralistas) já escreveram a seu respeito, não há um consenso sobre o que seria uma Comunidade Eclesial de Base. Muitos fazem a opção de descrever o que significa cada um dos termos da expressão. Problema adicional é a grande diversidade existente entre as comunidades, mesmo no interior de uma paróquia ou de uma diocese, o que não autoriza generalizações apressadas.

Aqui apresentamos os traços característicos das Comunidades Eclesiais de Base com o que temos trabalhado na equipe do Iser Assessoria:

Elas são a base de um modelo de organização eclesial que tem como referência pastoral uma rede articulada de comunidades. Este modelo é diverso daquele estruturado a partir da paróquia. Neste, o centro de referência pastoral e o pároco, que acompanha atividades e organismos pastorais relativamente autônomos entre si. Na estrutura que está alicerçada nas CEBs, a paróquia permanece, mas sua função é redefinida, tornando-se mais um serviço de articulação das CEBs.

São comunidades circunscritas a um espaço territorial. As pessoas que delas participam estão vinculadas pelo sentimento de pertencer a uma localidade. Os laços de vizinhança são os elementos privilegiados na construção da identidade, mais que outros (étnico, profissional, categoria social), que podem estar presentes, mas não são dominantes.

São lugares de celebração regular da fé, centrada na Bíblia. A Palavra de Deus e lida, refletida e rezada em confronto com a vida cotidiana dos que fazem parte da comunidade. (relação entre fé e vida).

São espaços privilegiados de preparação e celebração dos sacramentos. As CEBs enfatizam que os sacramentos supõem o compromisso com a vivência comunitária. Por isso a catequese sacramental costuma ser mais longa e cuidadosa, e a celebração dos sacramentos está associada à expectativa de reforçar a participação na comunidade.

São comunidades formadas por leigos e leigas, principais responsáveis pelas atividades necessárias à existência da comunidade. Estas pessoas exercem a coordenação das atividades de forma colegiada, participativa. E nas CEBs emergem novos ministérios leigos.

A dimensão comunitária, expressão de uma efetiva solidariedade, é manifestada através da ajuda mútua, quando os membros se reúnem para executar uma tarefa. Seja em benefício de toda a comunidade, como a construção de uma escola em mutirão, ou para auxiliar alguém necessitado.

Outra faceta da articulação entre fé e vida nas CEBs é a preocupação com os aspectos da realidade social que desrespeitam a dignidade humana, em especial a dos mais pobres. Por isso a dimensão social das CEBs costuma se expressar no apoio de seus membros a diversas formas de ação coletiva, como os movimentos reivindicatórios, e no incentivo à participação em organizaç6es populares.

Estes elementos não devem ser considerados como critérios rígidos, cuja existência conjunta atestaria se uma determinada comunidade é uma “autêntica” Comunidade Eclesial de Base. Antes de tudo, as CEBs são realidades sociais concretas, que não nascem de forma acabada, mas vão sendo constituídas paulatinamente. Nem sempre todas estas características estão presentes. E há também especificidades regionais, diferenças nas formas como as igrejas locais se organizam, e nas formas como é dado o acompanhamento pastoral, o que produz uma imensa diversidade nas formas como as CEBs se apresentam na atualidade.

 

Texto elaborado a partir da Introdução de Solange Rodrigues ao Relatório da Avaliação Pastoral da Diocese de São Mateus – ES. Iser Assessoria, 1994.

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