Artigos e Entrevistas

Carta do 14° Encontro Estadual das CEBs do Rio Grande do Sul

Podcast Outro Papo de Igreja, do Serviço Teológico Pastoral

 

Nós, mil e duzentos participantes do 14º Encontro Estadual de CEBs, entre numerosas lideranças leigas, bispos, padres, diáconos, consagradas e consagrados e representações de outras confissões religiosas, reunidos de 21 a 24 de abril de 2016, na cidade de Farroupilha, diocese de Caxias do Sul, saudamos fraternalmente a todas as comunidades do Rio Grande do Sul.

      Foram quatro dias intensos de encontro, onde sentimos a alegria de estarmos juntos e experimentarmos como é bom sermos comunidade fraterna, irmanadas na mesma fé, desafiadas pelos mesmos problemas e animadas por uma grande esperança.
      À luz da Palavra de Deus e em sintonia com a caminhada de toda a Igreja no Brasil e sob o lema “vinho novo em barris novos”, refletimos e rezamos o tema “Comunidade: Igreja da base, fermento da nova sociedade”.
     Seguindo a metodologia do ver, julgar e agir, tomamos consciência da gravidade e da crueldade dos problemas que afetam nossa realidade. Vivemos numa sociedade capitalista, que se fundamenta da propriedade privada de tudo e nas relações de exploração, dominação e competição.  É o que vemos espelhado na crise política do Brasil e experimentamos no dia a dia de nossa vida. Os frutos dessa lógica capitalista são divisão, destruição e morte das pessoas e da mãe terra. Como denuncia o Papa Francisco, “esse sistema é insuportável, exclui, degrada, mata”.
      Um olhar de fé e de esperança cristãs nos fazem ver mais longe e acreditar na vida e enquanto Igreja da base, sermos fermento de uma nova sociedade, desafiados a olhar e viver a vida a partir do outro, especialmente o mais marginalizado e necessitado, como comunidade de fé, que nos acolhe, irmana e envia como “Igreja em saída”, como Igreja da misericórdia.
      Iluminados pela Palavra de Deus, e animados pelo projeto de Jesus nos sentimos encorajados e desafiados a superar a realidade de opressão e crises que nos angustiam.
     Foi com essa convicção que nos organizamos em 11 miniplenárias, discutindo diversos temas relacionados com a vida das comunidades: diversidade religiosa; os desafios do mundo urbano; famílias e suas diversidades; juventudes; protagonismo dos leigos e das leigas; organização política; meio ambiente: cuidado com a casa comum; agroecologia; missionariedade: uma Igreja em saída; diversidade de gênero e protagonismo feminino.
    Concluído o debate dos grupos nos comprometemos:
– Em sermos Comunidades Eclesiais e Ecológicas de Base, o rosto da Igreja em saída, profética e missionária a serviço da vida, em especial a vida dos pobres, em cuja carne comungamos o corpo e o sangue do próprio Jesus Cristo, com um especial e urgente cuidado com a Casa comum.
– Em ser rosto de uma Igreja de Jesus Cristo que testemunhe a radical igualdade de filhos e filhas de Deus pela vivência comunitária que respeite e acolha as diversidades de nosso povo (de gênero, raça, cultura e credo) e supere todo tipo de autoritarismo, clericalismo, machismo e patriarcalismo.
– Como Igreja, Povo de Deus, Rede de Comunidades, a promover a formação de pequenos grupos, intensificando a iniciação à vida cristã e a formação política e a mística sempre a partir da Palavra de Deus.
– Como Comunidades de Base, fermento de uma nova sociedade, a assumir a defesa e ampliação da Democracia, participando do fortalecimento da organização popular, impulsionando o PROTAGONISMO dos pobres, por onde passam as transformações que sonhamos e buscamos.
– A reconhecer e fortalecer o protagonismo das mulheres em todos os espaços da Igreja.
– A sermos Comunidades que vão ao encontro das periferias sociais e existenciais dinamizando e impulsionando as Pastorais sociais e outros iniciativas de promoção dos direitos humanos, que respondam aos clamores surgidos do sofrimento do povo em cada realidade.
      Fortalecidos pela graça de Deus, acreditamos que “Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias e muda a face da Terra”.
     Confiamos que Maria e São José não deixem faltar vinho, mas nos ajudem a garantir, que o “vinho novo” continue abundante em barris novos e jorrando na Igreja da base, fermentando a nova sociedade. 
 
Amém! Axé! Awere! Aleluia!
 
Diocese de Caxias do Sul, Farroupilha, 24 de abril de 2016

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