No entanto, a crise venezuelana e o afluxo maciço de imigrantes criou conflito incentivado muitas vezes por políticos inescrupulosos em busca de votos nas eleições de outubro. Discursos incendiados de ódio dos candidatos roraimense são práticas comuns, especialmente nas redes sociais. Eles querem fazer acreditar ao povo que os venezuelanos estão tomando o que eles têm, o que na maioria dos casos não é muito.
Andando pelas ruas de Pacaraima se vê essa presença maciça de imigrantes, embora o número tenha diminuído após os graves conflitos acontecidos no dia 18 de agosto, que levou à debandada de um grande grupo de imigrantes. Apesar de tudo, o próprio exército brasileiro, que está realizando o controle da fronteira, reconhece que cerca de 500 pessoas passam diariamente, muitas das quais pretendem permanecer no Brasil.
A paróquia de Pacaraima tenta realizar um trabalho de acolhida com os imigrantes, o que causou não poucos receios e até situações de tensão entre a população local. A situação é especialmente difícil para o Padre Jesus Lopez Fernandez de Bobadilla, que chegou à cidade nove anos atrás e com o seu apoio explícito aos venezuelanos tem encontrado a rejeição de muitos de seus paroquianos. Nos últimos meses, dois padres orionitas e duas irmãs da Congregação de São José de Chambéry juntaram-se a este trabalho.
Em referência à situação de tensão que existe na cidade, o pároco não hesita em afirmar que não deixará de realizar seu trabalho humanitário, apesar das ameaças e possíveis represálias que possa sofrer. Somos chamados a viver o Evangelho, especialmente mostrando misericórdia para com a aqueles que mais precisam de nós, sem discriminar ninguém, de onde quer que venha.