O caso de Manaus representa o mais alto grau da irresponsabilidade do Governo Bolsonaro: um Governo que deixa faltar oxigênio e mata as pessoas por asfixia, morrendo sufocadas. Não dá para acreditar que, em pleno século XXI, possa acontecer tamanha barbárie! Trata-se de uma perversidade e iniquidade diabólicas! Se o Governo Bolsonaro fosse minimamente sério, humano e ético – numa situação dramática como a de Manaus (que seria muito difícil acontecer) – imediatamente tudo passaria em segundo plano, a fim de garantir com urgência o oxigênio necessário para as pessoas puderem respirar e continuar vivendo.
Diante da tragédia de Manaus – anunciada – e das que ainda poderão acontecer em outras regiões do Brasil – também anunciadas – o Governo mostra-se totalmente insensível e não toma nenhuma providência. É um descaso total!
“A rede pública de Saúde de Goiás – por exemplo – não entrou em colapso na primeira onda da pandemia de coronavírus em 2020 por conta da grande abertura de novos leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria. No entanto – alerta a rede – essa quantidade alta de novas vagas para a internação de pacientes com Covid-19 pode não se repetir na segunda onda em 2021” (O Popular, 22/01/21, p. 14)
Mesmo sabendo dessa realidade tão desumana, o Judiciário e o Legislativo – Câmara Federal e Senado – tornam-se coniventes com a criminalidade do Executivo. O Judiciário, pela inércia: nem fede e nem cheira; o Legislativo, pela ação ou omissão publicamente declaradas. É deplorável!
Reparem: “Parlamentares não veem motivo para o impeachment” (O Popular, 23 e 24/01/21, p. 4 – manchete). Dos senadores e deputados “a grande maioria não concorda que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ou acredita que não seja o momento para a ação” (Ib.).
O deputado Francisco Junior (PSD), por exemplo – que se diz cristão católico – afirma que o impeachment neste momento “não colabora em nada para o País” (Ib.). Pergunto: o que é que colabora para o País? Será que é a covardia e a conivência com a imoralidade pública dos deputados federais? Que absurdo!
O Brasil tem mais de 215 mil mortes por Covid-19 (Goiás, mais de 7 mil). Isso não diz nada aos nossos parlamentares e aos nossos juízes?
Bolsonaro – só no que diz respeito à pandemia – cometeu, e continua cometendo; três grandes crimes:
- O crime de deboche. Desde o início da pandemia da Covid-19, Bolsonaro debochou – e continua debochando – com uma frieza incrível e um cinismo sádico – da gravidade da pandemia, contrariando o parecer dos cientistas e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
- O crime de falta de planejamento. Bolsonaro não fez – e continua não fazendo – nenhum planejamento sério, com a assessoria de cientistas, de combate à pandemia e de distribuição da vacina. Tudo foi feito – e continua sendo feito – na base do “toma-lá-dá-cá”.
- O crime de responsabilidade. Bolsonaro é responsável por milhares de mortes – todas as mortes por asfixia (falta de oxigênio) e muitas outras – que poderiam ter sido evitadas com um planejamento de enfrentamento da pandemia que seguisse as orientações dos cientistas e da OMS. Ora, Bolsonaro fez – e continua fazendo – “corpo mole”, demostrando total indiferença e matando pessoas humanas por asfixia.
O próprio reitor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Sylvio Puga Ferreira – diante da trágica situação de Manaus – enviou um ofício à Justiça Federal pedindo que a União seja obrigada – por decisão judicial – a fornecer com urgência o oxigênio.
Felizmente, no Brasil inteiro e até fora do Brasil – mesmo diante da surdez dos deputados e senadores e da inércia dos juízes – nas manifestações e carreatas do povo ecoa cada dia mais forte o grito: Fora Bolsonaro! Impeachment já! Vacinação já!
“Atrevo-me a dizer – declara o papa Francisco aos Movimentos Populares – que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas mãos de vocês, na capacidade de vocês se organizarem e promoverem alternativas criativas na busca diária dos ‘3 T’ (trabalho, teto, terra), e também na participação de vocês como protagonistas nos grandes processos de mudança, regionais, nacionais e mundiais” (2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra – Bolívia, 09/07/15).
Que as palavras do nosso irmão Francisco nos animem, renovem a nossa esperança e nos fortaleçam na luta! Unidos e organizados, já somos vencedores!