Por Francisco Orofino e Carlos Mesters
Leituras: Is 66,10-14c/ Sl 65(66)/ Gl 6,14-18/ Lc 10,1-12.17-20
O fio condutor das leituras deste domingo é um refrão que cantamos muitas vezes em nossas comunidades: “Por nós fez maravilhas, louvemos ao Senhor!”. Este “por nós” tanto pode ser “para nós”, quanto “através de nós”. Podemos louvar a Deus por aquilo que ele fez para nós ao longo de nossas vidas, quanto podemos louvar também por aquilo que Ele realizou através de nossos esforços, trabalhos e ações.
Na primeira leitura, o profeta Isaías canta a alegria dos exilados que retornam para Jerusalém. A ação de Deus transforma em júbilo qualquer luto. Haverá consolo para qualquer dor. O salmo de meditação, uma oração comunitária de ação de graças, canta as maravilhas que Deus realiza renovando para nós toda a criação. Quando Deus age, tudo canta e grita de alegria. Nosso cuidado com a criação de Deus também deveria ser coroado com uma cântico de alegria.
No evangelho, Jesus louva as maravilhas feitas pelos setenta e dois discípulos que voltam da missão. O texto narra a escolha e o envio dos discípulos. Vale a pena notar que, ao enviar os missionários, Jesus se encontrava na Samaria (cf. Lc 9,52). Lucas insinua assim que estes discípulos pertencem ao povo samaritano, um povo excluído e marginalizado pela religião oficial. Os galileus são doze (cf. Lc 9,10). Já os samaritanos são setenta e dois (Lc 10,1). A Palavra cresce entre os excluídos!
Após o envio, Jesus se reúne com eles para rever o trabalho realizado. Os discípulos começam a contar o que tinham feito. Com alegria informam que, usando o nome de Jesus, conseguiram grandes feitos, curando pessoas e expulsando demônios. Jesus os ajuda no discernimento. Se conseguiram tais feitos é porque ele, Jesus, tinha-lhes dado tal poder. O discípulo não é maior que o Mestre. Se estiverem sempre com Jesus, nada de mal lhes poderá acontecer. E Jesus acrescenta que o mais importante não é expulsar demônios, mas sim ter o nome escrito no céu. Ter o nome escrito no céu é ter a certeza de ser conhecido e amado pelo Pai que está nos céus.
Neste domingo lemos, na segunda leitura, o trecho final da carta de Paulo aos Gálatas. Nesta carta Paulo defende sua ação missionária, seu apostolado e seu evangelho. O trabalho de Paulo estava sendo questionado por discípulos mais conservadores, que não aceitavam a abertura da Paulo para os pagãos. Paulo defende suas posições e seu ministério. Ele defende que as pessoas que passaram pelo batismo são agora novas criaturas. Não importa o que elas foram antes, sejam judeus (circuncidados) ou pagãos (não circuncidados). Estas novas criaturas devem viver na liberdade de filhos e filhas de Deus. A carta aos gálatas é um tratado sobre a liberdade trazida por Jesus Cristo. Nenhum legalismo ou ritualismo pode abafar a ação libertadora de Deus, comunicada através dos gestos e palavras de Jesus de Nazaré. Nós, como Igreja das comunidades, temos a obrigação de transmitir e ensinar aos filhos e filhas de Deus uma fé que seja vivida na liberdade.