Por Francisco Orofino e Carlos Mesters
As leituras deste 19º Domingo do Tempo Comum nos convidam a ler os sinais do tempo e, por meio deles, perceber a presença de Deus na vida e na história. Elas nos exortam a viver numa sagaz vigilância, olhando não só para os sinais do tempo, mas também para os sinais deixados pelos nossos antepassados, ao longo da história. Atentos e vigilantes, ficamos aguardando a chegada imprevisível do Senhor.
Leituras: Sb 18,3.6-9/Sl 32(33)/Hb 11,1-2.8-19/ Lc 12,32-48
A primeira leitura, tirada do livro da Sabedoria, nos convida a ler a história de Israel, lembrando sempre aqueles sinais maravilhosos com que Deus libertou o seu povo, tirando-o da escravidão do Egito e conduzindo-o pelo deserto. Depois desta travessia, chegariam a uma terra boa e espaçosa, onde viveriam na justiça e na paz. Ao longo desta travessia, Deus faz a Aliança com o povo. Através da sua caminhada, o povo vai acumulando a sabedoria necessária para sempre discernir a presença e a ação libertadora de Deus.
Da mesma forma, no salmo de meditação, o salmista reza a partir da sabedoria que cresceu nele, como fruto da sua experiência pessoal. Ele reza a partir da ação libertadora de Deus em sua vida. Nesta sua experiência única e pessoal, ele percebe Deus bem próximo dele. Percebe que Deus é fiel ao seu Nome YHWH, Nome que simboliza a certeza da presença divina e que é repetido dezessete vezes só neste salmo. Como resultado desta experiência tão forte de Deus, o salmista convida os pobres a se unirem a ele numa oração agradecida, convidando a todos a viver no temor do Senhor.
A carta aos Hebreus lembra que a fé é a força que impulsionava a história do povo de Deus. Foi a fidelidade dos antepassados que, provados na fé, perseveraram na caminhada, permitindo-nos viver hoje esta mesma fé. Ela lembra o exemplo de fé de Abraão: “de um só homem, que estava praticamente morto, nasceu uma descendência tão numerosa como as estrelas do céu” (Hb 11,12). Por menor que seja nossa comunidade, fazemos parte do povo que vive a fé de Abraão.
No evangelho deste domingo, Jesus nos anima e nos encoraja. Somos o pequeno rebanho, perdido na imensidão das nossas cidades, mas somos o rebanho que confia na mensagem de Jesus, vivendo a partilha e fortalecendo a comunhão e a fraternidade. Vivemos na expectativa da chegada do Senhor Jesus. Não sabemos quando ele chegará. A sua chegada é imprevisível. Isso nos obriga a viver na vigilância, sempre atentos aos sinais de Deus. Por outro lado, mesmo vigilantes, podemos perceber a presença de Jesus na comunidade, no serviço, no testemunho, nas celebrações, nas ações sociais, nas pastorais, na busca do Reino, no serviço fraterno, no testemunho corajoso. Jesus virá, mas já está conosco!