CEBs do Rio de Janeiro se reúnem para avaliar 14º Intereclesial e pensar novas perspectivas para a caminhada.

A Paróquia São José Operário, na cidade de Três Rios, pertence à diocese de Valença, e recebeu neste sábado (09 de junho) o Seminário das CEBs do regional Leste 1. A Paróquia é uma das poucas da região com uma enorme cultura e prática de rede de Comunidades Eclesiais de Base, e um intenso trabalho na opção preferencial pelos pobres. À frente por quase sete anos está o Padre Medoro de Oliveira Souza Neto, que se alegra ao falar do trabalho desenvolvido com os mais pobres e marginalizados/as da cidade, e também se orgulha da equipe que o acompanha.

De segunda a sábado a comunidade paroquial alimenta uma média de 150 pessoas em situação de rua e vulnerabilidade sócio-econômica. Todo o alimento utilizado é doado pelas pessoas que participam das pastorais e parceiros da localidade. Com uma equipe de primeira, a comida é sempre muito saborosa e nutri, dando dignidade a quem tem fome. Uma ou duas vezes por semana, a Pastoral da Mulher Marginalizada vai ao encontro das prostitutas da cidade levando comida e acolhimento. Além de rezar, o grupo da Pastoral ouve as mulheres, que muitas vezes não conseguem conversar com a própria família. As juventudes também são vistas como prioridade. Na matriz há uma sala de música que oferece outras possibilidades que não seja a cultura das drogas e da morte a adolescentes e jovens. Padre Medoro em outra ocasião contou que na semana da festa do padroeiro cinco pessoas executadas, duas na primeira noite. E declarou: “Eu uso a camisa da campanha de combate ao extermínio de jovens da PJ todos os dias, lavo a noite e seco até no ferro. Precisamos provocar esse debate nas nossas comunidades, essa situação não é normal!”

Foi nesse contexto, que a Paróquia com rosto e prática de comunidades acolheu as sete (Arqui)dioceses participantes do seminário: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Barra do Piraí/ e Volta Redonda, Nova Iguaçu, Friburgo, Itaguaí  e a Valença. Somando 60 pessoas participantes, a maioria delegados e delegadas ao 14º Intereclesial das CEBs, que aconteceu em janeiro deste ano, em Londrina-PR.

O seminário iniciou com um momento celebrativo conduzido pelas pessoas da própria. Em seguida Quininha, teóloga e assessora das CEBs do regional, provocou a avaliação do Intereclesial. Para além do que foi ruim ou bom, Quininha disse que era preciso apontar pistas para a caminha das CEBs nos próximos anos. Como motivação, foi usado um texto de Paulo Freire de 1977, escrito a quatro jovens seminaristas alemães, em Genebra, e publicado em 1982, na revista “Tempo e O título do texto é “Conhecer, praticar e ensinar os Evangelhos”. Em grupos, os/as participantes diversas pistas para a caminhada das CEBs: opção pelos pequenos encontros, repensar o perfil de quem vai para o Intereclesial, ter uma linguagem para as bases, fortalecer a identidade das CEBs e outros.

Após o almoço, o Gilberto Simplício de Oliveira fez uma breve análise de conjuntura, refletindo sobre os últimos acontecimentos no país, e indicou que há uma disputa de narrativas acerca do momento político que vivemos. Em seguida a professora de teologia Eva Aparecida Rezende, professora do departamento de Cultura Religiosa da PUC Rio apresentou uma reflexão sobre os 50 aos de Medellín e o fortalecimento dos leigos e leigas na Igreja da América Latina.

Ao final, o bispo da diocese de Valença dom Nelson Francelino, fez uma breve saudação parabenizando o encontro e afirm

 

ando a importância das CEBs para a opção pelos pobres e a Igreja do Brasil. Dom Nelson deu a benção final para que todos e todas voltassem em paz para seus lares.

Há muitos desafios apontados após um Intereclesial. É possível afirmar que alguns foram apontados nesse seminário, mas há tantos outros que merecem aprofundamento. Porém, mulheres e homens das comunidades de base sabem que é necessária uma espiritualidade profunda e muita resistência, para seguirem firmes na construção de uma sociedade com valores evangélicos, frente a tantos obstáculos encontrados na caminhada.

 

Sair da versão mobile