3º Domingo da Páscoa
Neste domingo celebramos a alegria que arde no coração dos discípulos de Emaús

O discipulado é um caminho sempre incompleto, no evangelho de hoje entendemos que sempre precisamos aprender mais. O caminho de aprendizagem que o discípulo faz com o Mestre, desde o encontro pessoal com Jesus Cristo, que o torna imediatamente o discípulo, leva-o seguir o Mestre, mas por mais sincera que seja a resposta, caminhar com o Mestre e responder seu chamado não significa necessariamente saber tudo ou entender totalmente sua vontade, seu projeto. Essa é a experiência dos discípulos de Jesus depois do episódio da Cruz e da ressurreição. Depois de um largo caminho de três anos de convivência os discípulos, eles acreditavam que tinham pela frente um desfecho triunfal, a recuperação do antigo Israel, a restauração da nação, a libertação da dominação romana. Mas a cruz e a morte de Jesus paralisaram os discípulos, tanto que, mesmo com o testemunho das mulheres e os sinais da ressurreição de Cristo, eles não conseguiam nem enxergar, nem acreditar, nem sentir a presença de Jesus ressuscitado. Assim, o caminho dos discípulos continua no seguimento do ressuscitado, o discípulo continua formando-se na medida em que caminha. O caminho é uma escola; no caminho se aprende; no caminho se refaz a aprendizagem. Tomemos algumas ideias, para melhor entender a importância de fazer e refazer o caminho com o Senhor ressuscitado, para mais aprendermos Dele.

Ver além do que os olhos alcançam.

É a primeira ideia forte do Evangelho hoje, os olhos dos discípulos não alcançam reconhecer o ressuscitado. Por algum motivo os discípulos que voltam de Jerusalém a Emaús, não consegue reconhecer Jesus, que se aproxima deles no caminho e começa a conversar com eles. Nesse diálogo Jesus revela sua pedagogia: aproxima-se, perguntas sobre eles; começa a instruí-los. Esse é o caminho que Jesus faz com os seus discípulos, uma e outra vez. Nesse caminho Jesus utiliza de sinais e pessoas para nos instruir: Pode ser meu irmão caído à beira do caminho; pode ser uma mãe sepultando seu filho; pode ser uma mulher a buscar água no poço; pode ser uma criança; pode ser um estrangeiro ou uma mulher que demonstram mais fé;

Assim Jesus caminha conosco, apresentando-se em vários personagens que nem sempre nossos olhos reconhecem. Por isso, é importante tomar em conta o que disse Jesus em Mateus 25: “quando eu tive fome… quando tive sede… quando estava nu… quando estava preso… doente… foi pra mim que fizestes essas coisas”.

Vou verdadeiro conhecimento não é teoria, mas prática

Gosto de pensar no caminho de Emaús, percorrido por este casal, que inesperadamente é abordado pelo Senhor ressuscitado, como num exame escolar, uma prova. O Mestre faz essa avaliação para verificar o aprendizado de seus alunos. Depois de um tempo de ensino de valiosas lições. O exame conta com duas modalidades de avaliação: uma teórica outra prática. Na teórica me parece que os discípulos não alcançaram um bom desempenho: “Como sois lentos e sem inteligência”, pois quando Jesus perguntou: “Será que O Mestre devia sofrer tudo isso… Os desatentos discípulos deixaram claro que não haviam entendido os textos dos profetas e das Sagradas Escrituras que falavam do Senhor. Contudo, a redenção dos alunos foi a prova prática: “quando Jesus fez de conta que ia mais adiante…” sentiu que algo de seus ensinamentos ainda havia permanecido em seus discípulos: “fica conosco, é tarde e a noite vem chegando”. Restou a hospitalidade, acolhida, a preocupação com o peregrino. Compartilhar o pão foi o sinal que acendeu uma alegria no coração do mestre, ao ver que seus discípulos haviam guardado uma importante lição, a partilha.

Responder ao coração e não ao medo

Sair de Jerusalém e voltar para Emaús, deixar os companheiros, caminhar devagar, ter um rosto triste, são sinais de quem age com medo. Medo que acontecesse com eles o que aconteceu com Jesus. Foi o medo que fez os discípulos voltarem para casa; foi o medo que os fez se esconderem; foi o medo que os fez se recolher em Emaús; foi o medo que os fez andar devagar. Quado seus olhos se abriram, quando reconheceram o Senhor seu coração ardeu. Quando o Senhor partiu o pão e deu graças eles sentiram uma grande alegria, foi essa alegria que ardeu o coração,  que os fez ter coragem,  que os fez sair, que os fez correr, que os fez testemunhar: o Senhor está vivo! Essa alegria os transformou em missionários. Seguindo o exemplo da prova escolar, esse acontecimento é como iniciar o segundo estágio, aprovados no caminho como discípulos, agora estão aptos a serem missionários.

Supliquemos irmãos e irmãs, que também nós possamos enxergar além daquilo que os olhos conseguem ver. Que no caminho de nossa vida cristã possamos aprender as lições do Mestre, tanto as da palavra de Deus, quanto as lições práticas. Que possamos responder ao coração, onde encontramos sentimos a Deus e não ao medo. Capacita-nos Senhor, para sermos teus discípulos missionários, mesmo que muitas vezes sejamos lentos incapazes de entender; mesmo que muitas vezes tenhamos a tentação de voltar atrás; capacita-nos Senhor, para sermos teus discípulos missionários e enche nosso coração de alegria.

Pe. Fabio Antunes do Nascimento

Diocese de Coxim

 

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