Para combater este flagelo, que muitos definem como a escravidão do século XXI, surgiu a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira, onde a vida religiosa tem um papel proeminente. Na rede participam Maristas, Lauritas, Jesuítas, Vicentinas, Franciscanos, Franciscanas, Xaverianos, Cônegas Regulares de Santo Agostinho ou a Comunidade Intercongregacional da Islândia, Peru, entre outros.
A rede torna-se assim participe em algo que é particularmente importante para o Papa Francisco, que no último dia 10, por ocasião do Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, que acontece todo 8 de fevereiro, e que coincide com a festa de Santa Bakhita, disse: “faço um apelo especial aos governos para que resolvam com determinação as causas deste flagelo e protejam as vítimas”, pedindo a todos que não caiam na indiferença.
Viver na Amazônia é um dom de Deus, como deixaram claro vários dos participantes, porque lhes dá a chance de ser feliz, de viver em fraternidade, sem fronteiras, raças ou línguas, o que os faz sentir um povo, um só território, onde você vive em amizade, desfruta da natureza, do oxigênio puro, da fraternidade e da solidariedade um do outro, nascida de pessoas que, apesar das diferenças, se unem.
Juntamente com as possibilidades, estão presentes os perigos que geram ameaças que dificultam a vida dos povos. Entre eles destaca o sequestro de jovens, os enganos e falsas promessas, com os quais se iludem os jovens que sonham com uma vida melhor. Violência intrafamiliar, doenças em crianças e jovens, violência contra a natureza e as pessoas e o tráfico humano também estão presentes.
A música é um instrumento que pode ajudar a refletir, especialmente os mais jovens. O vídeo do grupo porto-riquenho Calle 13, intitulado ‘Preparame la cena”, em que são denunciadas diferentes formas de tráfico humano, um fenômeno que pode ter qualquer pessoa como potencial vítima, tem servido aos presentes para descobrir o que este flagelo significa. Portanto, diante dessas violências e ameaças à vida, a rede visa defender a vida, principalmente ajudando as crianças a não perderem seus sonhos.
Ao falar sobre o tráfico de pessoas, devemos olhar nossa própria vida e nossa maneira de nos relacionar com os outros, e nos fazer as perguntas colocadas pelo jesuíta Valério Sartor, “Como eu trato as pessoas? Como devo tratá-las? “. Ele disse que a gente tem que saber o que é bom e ruim, porque o engano é muito perigoso. Contra as redes ilegais que exploram as pessoas para ficar ricos, porque eles só se preocupam com dinheiro, o Padre Valério Sartor, brasileiro que vive na Tríplice Fronteira, em Leticia, Colômbia, ressaltou a importância da Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira, como algo que ajuda a lutar, não permitindo que pessoas más matem a vida, usando o rio e a boa vontade das pessoas para enganar. O jesuíta insistiu que “não somos mercadoria para vender, somos pessoas que têm vida e vida não é vendida, temos que defendê-la”.
Escravidão, e hoje o tráfico de pessoas é a expressão da escravidão moderna, é algo presente na história da humanidade há milênios. O próprio Aristóteles viu isso como algo natural e indispensável, afirmando que é próprio do escravo não viver como ele quer. Os indígenas foram submetidos a essa prática desde a chegada dos primeiros europeus, o que em muitos casos significou um verdadeiro extermínio.
No encontro, surgiu uma reflexão que é importante, e que deve levar a pensar a vida na Amazônia, onde a preocupação com a natureza é muitas vezes maior do que com as pessoas. Nesse sentido, ninguém pode ignorar as vulnerabilidades que afetam os povos amazônicos: pobreza, abandono, violência, falta de comunicação, o que favorece o tráfico humano.
O que podemos fazer? uma questão importante para aqueles que fazem parte da Rede de Enfrentamento. Como tornar possível que episódios infelizes que ocorreram na região nos últimos anos não voltem a acontecer? Nesse ponto, alguns casos foram lembrados, como a criança que, aos onze anos, há alguns meses, foi estuprada e assassinada em Islândia, no Peru, por um estranho que por algum tempo vagou por lá. Também a adolescente que foi raptada há alguns anos quando viajava de Caballococha, no Peru, para Letícia, na Colômbia, e da qual nunca mais ouviu falar.
A rede de tráfico de órgãos que anos atrás operava em Puerto Nariño, na Colômbia, onde nos últimos dias foram detidos membros de uma rede de tráfico que, por defeito de forma, foram liberados, o que evidencia a deficiência no trabalho das autoridades colombianas.
“Nós não podemos fechar os olhos, temos que nos unir para cuidar das vidas das crianças, adolescente e jovens, e combater as ameaças para nossa vida, comunidades e território”, como afirma Marta Barral, missionária leiga Xaveriana. Enfrentar tudo isso é o objetivo da Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Tríplice Fronteira, em um lugar de muitos enigmas, onde se o rio falar, ia delatar muitas coisas, o que leva muitas pessoas a dizer “muito obrigado”,” Moêntchi “, quando o falante é um Ticuna