E vocês quem dizem que eu sou?
Por Pe. Fabio Antunes do Nascimento

A passagem do evangelho que ouvimos neste domingo traz a contundente profissão de fé de Pedro, carregada de significado: “Tu és o Messias, o Filho de Deus”. Quando Jesus pergunta pela segunda vez a seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” está buscando a resposta pessoal, que deve nascer do coração daquele que vive a experiência do encontro com Cristo. Quem encontrou a Cristo não pode se contentar em conhecer sua fama, repetir o que os outros disseram e as comparações que fazem de sua pessoa, é preciso conhecê-lo pessoalmente. Pois pode nos passar, o que passou com Felipe em outro trecho dos evangelhos: “Há tanto tempo estou convosco e não me conheces?” (Jo 14,9).

Quem compreende os julgamentos do Senhor?

Quem conhece a Jesus Cristo torna-se, imediatamente seu discípulo missionário, comprometido com o Reino de Deus, na Igreja e na comunidade. Esses fatos são todos resultados do único acontecimento, o encontro pessoal com Jesus Cristo. Mas, nem uma vida inteira de discipulado bastaria para conhecermos totalmente a Cristo, Ele é Deus e nossa inteligência não compreende a grandeza de Seu mistério. Como interpela São Paulo aos Romanos: “Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor?” (Rm11,33-34). Nossa compreensão não alcança entender a justiça e a misericórdia do Senhor.

Administradores das chaves, mas não donos!

Em Pedro, primeiro entre os apóstolos, símbolo da Igreja – Povo de Deus – o Senhor entregou as chaves do Reino dos céus. Esse fato deve ser entendido, mais como serviço a comunhão, que poder de julgar. É pretensioso pensar que administrar as chaves seja poder de controlar o acesso.

A Igreja é sacramento da salvação, deve ser sinal, indicação para que mais e mais pessoas possam acessar a porta, entrar em comunhão, ligar-se ao Reino dos céus. Pretensioso seria querer julgar no lugar de Deus, que desconhecemos os juízos. Como dizem as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: “A comunidade deve ser uma casa de portas sempre abertas – abertas para que todos possam entrar, sem discriminação, sem julgamentos. Abertas para que possamos sair e cumprir o mandato missionário: Ide por todo mundo… Não sejamos pretensiosos. Somos administradores, não donos, nem juízes. Pode ser que tentados pelo poder tenhamos o destino de Sobna, o administrador do palácio: “Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo” (Is22,19).

Somos administradores, porteiros, ascensoristas, mas nunca donos. É preciso entender a ordem de Jesus como um serviço a comunhão. Como discípulos missionários devemos resgatar, chamar e acolher, criar pontes para unir e gerar comunhão.

 

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