“Uma Igreja em Saída é uma Igreja capaz de romper os limites do clericalismo”, defende
Frei Betto
No feriado de 15 de novembro de 2017 tivemos no estado do Rio de Janeiro o encontro Caminhos para uma Igreja em Saída, com presença do Frei Betto que falou para cerca de 250 pessoas no auditório Dom Adriano Hypolito no Centro de formação (CENFOR) da Diocese de Nova Iguaçu. O evento foi pensado e organizado pela Coordenação do Regional Leste 1 da CNBB das comunidades Eclesiais de base (CEBs) junto com o Iser Assessoria. O Encontro contou com ajuda de diversas pastorais sociais, da Pastoral da Juventude de diversas dioceses e de movimentos sociais para que acontecesse.
O encontro teve início com um momento de oração e espiritualidade libertadora, rezando a criação de Deus, ouvindo a Palavra de vida e partilhando-a nas diversas realidades do Leste 1, pedindo ao Cristo Libertador para que liberte seu povo de preconceitos e violência e anunciando o Reino de Deus que já acontece aqui mas um dia será pleno.
Frei Betto começou saudando a todos com um Fora Temer! Falou que uma Igreja em Saída é uma Igreja capaz de romper com o clericalismo, é uma Igreja com “I” maiúsculo, é uma instituição que nasce do Concílio Vaticano II que valorizou os movimentos sociais, as pastorais, as comunidades eclesiais de base e o leigo como protagonista da história. A Lumen Gentium (constituição mais importante do Vaticano II) começa falando não sobre Papa, Cardeais e Bispos, mas sobre o Povo de Deus. Sem esse santo Povo de Deus não existiriam bispos, padres e nem Igreja. Frei Betto lembrou que o Papa Francisco pediu para que fossemos Igreja fora do templo, fora das paróquias. Precisamos sair dos muros e ir a quem precisa.
Essas palavras encheram de esperança a Pastoral Popular, o Povo de Deus ali presente, para que nunca desista de ser Igreja.
Diante da crise política Frei Betto também falou das eleições do ano que vem: “Veja bem, não devemos achar que as eleições do ano que vem vão resolver tudo o que está aí. Não vão. Eu não deposito as minhas esperanças, as minhas fichas todas nas eleições de 2018. Nós temos que pensar mais a longo prazo. As eleições são importantes, sem dúvida. Mas, o mais importante é fazer o que, nos últimos anos, nós deixamos de fazer. Fortalecer os movimentos sociais. É daí que vem o poder popular.”
Depois da fala do Frei Betto, falaram como debatedores Celso Carias, teólogo de Duque de Caxias e Quininha, teóloga de Barra Mansa. Também tivemos a participação de diversas pessoas na Fila do Povo. Após o almoço os participantes foram organizados em dez grupos para discutir pistas de ação para que a igreja se torne realmente uma Igreja em Saída.
As diversas lideranças da Pastoral Popular destacaram:
• Faz-se necessário valorizar as diferentes frentes que colocam no centro a dignidade da pessoa humana;
• Retomar os círculos bíblicos e a Leitura Popular da Bíblia;
• Revitalizar leigos e clero para uma Igreja em saída.
Vários grupos destacaram a ação do leigo na sociedade como agente transformador, além da necessidade de maior formação e capacitação para as pastorais e movimentos da Igreja. Precisamos retomar a mística da Pastoral da Juventude para que a mesma esteja dentro dos conselhos de juventude dos municípios e lute pelos diretos dos jovens e os envolva na vida de comunidade.
É necessário um maior diálogo entre Fé e Vida, com atividades de formação sobre política e cidadania. Que encontros como este aconteçam nas comunidades e paróquias. Que ao menos uma vez no ano possamos ter um grande encontro como este para reafirmar a Igreja em Saída, formando redes de solidariedade que favoreçam o diálogo e a fé. Todos os grupos tiveram a mesma preocupação e nesse entusiasmo vamos animar e fortalecer a Pastoral Popular, para que de fato sejamos uma Igreja em Saída e Viva.
Por fim Dom Luciano Bergamin, Bispo da diocese de Nova Iguaçu, que acolheu com carinho este encontro nos deu a benção e nos enviou para tirar do papel essas pistas de ação e sermos uma Igreja em saída no estado do Rio de Janeiro.
Texto de João – PJ Diocese de Nova Iguaçu