O grito de guerra foi “Não gota de sangue mais” slogan de uma campanha que foi lançada em todo o país defender os direitos dos povos indígenas, repetindo em diferentes intervenções que não aceitam, repudiam a decisão do atual presidente e se perguntando onde está o justiça.
O evento foi organizado pela Confederação de Povos Indígenas de Manaus e Meio Ambiente – COPIME, e tem recebido apoio de diferentes organizações e agências, incluindo a Caritas Arquidiocesana de Manaus, o Serviço de Ação, Reflexão Igreja Católica e Educação Socioambiental – SARES e o Conselho Indigenista Missionário – CIMI.
Turi Sateré, presidente da COPIME reconheceu que a razão para a concentração, além das reivindicações contra a Medida Provisória 870, são “vários retrocessos que podem vir contra os povos indígenas”, observando que “é uma luta no Brasil todo”. Nesse sentido, Nara Baré, presidenta da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, disse que as organizações indígenas já estão conscientes das ameaças do novo governo desde antes de tomar posse, considerando a Medida Provisória 870 como algo que “traz um total genocídio para os povos indígenas do Brasil”, com o objetivo de “abrir a Amazônia para o agronegócio, para a mineração em terras indígenas, para a exploração, e isso para a gente, a gente não quer”.
Na mesma linha, tem se pronunciado o Presidente da Confederação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, Marivelton Baré, que disse que, no Brasil, “um governo ante indígena foi instalado”. Recordando a história dos povos indígenas, ele afirmou que “estas terras, este território sempre foi nosso, a gente teve nossa casa, nosso território invadido e hoje a gente tem que se ficar mobilizando para que o governo reconheça o que é nosso por direito originário”.
Contra o discurso acusando os índios de muita terra para pouco índio, observou que 13% do território é terra indígena, enquanto 60% está nas mãos do agronegócio. Ele denunciou que “hoje eles estão ameaçando nosso modo de vida, nosso território, nosso bem viver nas nossas comunidades, porque o que eles querem não é o bem viver dos indígenas, apenas todas as riquezas que tem dentro de nossos territórios”. Para combater esta realidade pediu unidade como organizações e povos, dizendo que “temos que saber seguir com uma visão estratégica diante da sociedade que nos envolve”, fazendo uma chamada para uma “mobilização diante do estado brasileiro para implementar e garantir políticas públicas adequadas e de acordo com a nossa especificidade “.
O novo deputado federal José Ricardo Wendling, ressaltou a importância da mobilização “para tentar reverter a medida provisória que remove as atribuições importantes da Funai, para passá-las para um ministério que não tem compromisso com a causa indígena”. Inclusive o deputado denunciou que “foi feito isso de propósito, que é para dizer que a questão indígena não é prioridade para este governo”.
Ele mesmo, que recolhe todas as denúncias que violam os direitos indígenas no estado do Amazonas, reconhece que há “uma série de problemas que enfrentamos hoje, desde a questão da terra, que sempre é a principal, porque sem a terra não pode articular questões de saúde, de educação “. Nesse sentido, há “a Constituição Federal determinou que com cinco anos, lá em 88, forem demarcadas todas as terras, ou seja, deveriam estar todas demarcadas até 93, e até hoje mais de 400, 500 ainda não foram demarcadas”.