
Nos últimos dias, a grande mídia parece apontar que seu governo está sem saída, que o Congresso está disposto a bater de frente com suas propostas e que isto inviabilizaria o cumprimento de medidas fiscais. O presidente da Câmara cobra um ajuste fiscal mais profundo, mas o que ele quer – eles querem – é acabar com o aumento real do salário-mínimo (1.518 reais hoje) e a desvinculação das exigências constitucionais para a saúde e para a educação. Eles não querem cobrar dos mais ricos, não querem que os que pagam pouco ou nada de imposto de renda passem a pagar. Eles querem que os que sempre pagaram – os pobres, os trabalhadores, a classe média – paguem mais. Ou que recebam menos políticas públicas: salário, saúde, educação.
Enquanto isto, o mesmo presidente da Câmara propõe que parlamentares acumulem o recebimento de salário e de aposentadoria, ou seja, mais gastos, em favor dos próprios parlamentares.
Enquanto isto, o governo gasta, em um ano:
- 940 bilhões de reais em pagamento dos juros da dívida pública, que beneficia unicamente o 1% mais rico do país;
- 600 bilhões de reais como incentivos fiscais (para empresas);
- 500 bilhões de reais de sonegação de impostos (de grandes empresas);
- 50 bilhões de reais em emendas para os parlamentares (eram 5 bilhões há dez anos atrás).
Ao mesmo tempo, as pesquisas de opinião têm evidenciado uma perda de popularidade do governo, em razão, principalmente, do desconhecimento daquilo que o governo tem feito de bom.
Pois bem, na minha opinião, não basta negociar com o Legislativo, não basta negociar com os grandes, o governo precisa falar diretamente com o povo, com as pessoas. A grande maioria das pessoas não sabe o que está se passando, não entende essa história de IOF, não compreende a cobrança de gastar menos: é preciso um canal direto de diálogo, onde o Sr., Presidente, fale com as pessoas. Além disso, a grande mídia, na maioria das vezes, omite informações, divulga notícias com viés negativo, faz propaganda contra o governo e a favor dos interesses dos banqueiros, dos grandes, dos que fazem publicidade nesta mesma mídia.
O Sr. pode vir a público, o Sr. é o presidente, pode falar em cadeia nacional, explicar o que o governo está realizando e mostrar que o outro lado está defendendo os interesses dos mais ricos em detrimento dos pobres. Se não acha bom falar em cadeia nacional, convoque coletivas de imprensa, como o Sr. fez outro dia, exponha seus feitos, defenda suas políticas e abra espaço para perguntas, para esclarecimentos, para questionamentos, não só dos jornalistas, mas das pessoas, dos cidadãos.
Com este canal aberto, as pessoas poderão continuar a receber informações pelas redes digitais, mas poderão também ter contato direto com o governo, vão saber dos fatos, dos motivos, dos argumentos, dos dados, pelo próprio governo.
Há solução, Sr. Presidente!