A Igreja que queremos…

Maria de Magdala presente! Marta de Betânia presente! O calendário litúrgico da segunda metade do mês de julho nos brinda com estas presenças. Dom que não podemos silenciar, mas ao qual damos voz, pois são as fontes onde bebemos para alimentar a sonho de uma Igreja com rosto Amazônico. 

Nos denominamos de “Cirandeiras”, nos tornamos grupo após o Sínodo da Amazônia querendo nos passos da ‘Ciranda’ dar voz, revelar que o sonho, a utopia de uma Igreja com Rosto Amazônico, já é presente na Amazônia pela presença de mulheres que nos asseguram: o sonho, a utopia, pequeno grelo, já é realidade. 

E, Marta de Betânia convida Martha Bispo, Secretaria da CNBB Nordeste 5 a narrar a motiva em seu ministério na Igreja do Maranhão.

“Sou Martha Bispo o que guia meu ser igreja é a experiência vivida na Diocese de Balsas, Maranhão. Nossa caminhada bebeu à fonte da Igreja Povo de Deus do Vaticano II, e da Evangelii Nuntiandi de Paulo VI. Havia coerência entre as ideias e a prática: Igreja comunidade de iguais, comprometida, samaritana. Acreditávamos e vivíamos a IGREJA que nasce na CASA e da CASA.

Hoje se fala de Igreja Sinodal, sem lhe dar este nome era nossa prática: a participação do povo, das lideranças nas comunidades. Participação que ousava e ao mesmo tempo desafiava principalmente por causa da presença de padres muito autoritários, clericalistas e machistas. Nasceram os conselhos comunitários, paroquiais, zonal e confluíam no conselho diocesano. Conselhos que não eram só consultivos, eram decisórios. Uma Igreja da Sinodalidade, como dizia Dom Franco Masserdotti: Assembleias Diocesanas com a participação do laicato tendo voz ativa.

Igreja toda ela Ministerial. Os ministérios surgindo a partir da vida da comunidade, da vida do povo: agentes de saúde, da educação, da promoção humana, catequistas, animadores de círculos bíblicos; animadores que eram casais, ministério de cuidar da casa, da comunidade, de colocar água no pote da comunidade … Tudo na igualdade e na participação, todo serviço considerado ministério.

Tínhamos um grande desafio: a formação do laicato e presbiteral.”

Maria de Magdala convida Maria Istélia Coêlho Fôlha, articuladora da Pastoral da CNBB Regional Norte 3, a tomar a palavra. 

“Os bispos do regional me convidaram a ser articuladora de pastoral, disseram que meu jeito de mulher que dialoga, articula, media, convence, testemunha tudo isso como leiga profissional e mãe de família, era o que o nosso regional precisava … 

O que tem iluminado este meu ministério é o intuito de colocar em prática as sinalizações de sonhos do Papa Francisco, a partir da Exortação Apostólica Querida Amazônia, a partir das três imagens de igreja: Amorosa/Madalena – Cuidadosa/Mariana – Esperançosa/Samaritana”.

Estamos principiando os passos de uma Igreja Sinodal. Realizamos duas assembleias no regional que deram como resultado um belo plano de pastoral, as ações decididas foram distribuídas nos quatro sonhos para Amazônia de Papa Francisco. Plano de pastoral que neste ano de 2021 está sendo assumido pelas comissões pastorais, organismos e serviços. Plano de pastoral articulado e mobilizado por uma Mulher Cirandeira. As ações acontecem a nível comunitário, paroquial, diocesano e regional, todo o trabalho realizado de forma articulada entre leigos e leigas, presbíteros e apoiados por todos os sete bispos do regional Norte 3.

Estamos movendo os primeiros passos…”

As experiências nos testemunham que o novo rosto de Igreja da Amazônia está sendo gestado. Ecoam em nós as palavras que Marta de Betânia e Maria de Magdala ouviram: “Já não vos chamo de serv@s, porque a serv@ não sabe o que seu senhor faz; mas eu vos chamo amig@s, porque tudo o que ouvi do meu Pai eu vos dei a conhecer.” (João 15,15). Sentimos ecoar as palavras de Jesus na profissão de fé das comunidades da Galácia: “… não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28). 

Circularidade e igualdade são os dois vocábulos que o Evangelho d@s discípul@s amad@s e a experiência das primeiras comunidades nos fazem vislumbrar. 

Maria de Magdala presente! Marta de Betânia presente!
Martha, Istélia, Sonia, Rose, Fátima, Doris, Raimunda, Maria… Presente!

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