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A Sub-Região Pastoral de Campinas realiza o 34º Encontro de CEBs

Podcast Outro Papo de Igreja, do Serviço Teológico Pastoral

Por Fernando Altemeyer

CEBS são o jeito original de toda Igreja ser, foi a fala sapiencial do padre Claudio Menegazzi, da arquidiocese de Campinas, na bela síntese que fez ao final do dia de estudos em Mogi Mirim-SP.

Estivemos reunidos na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Mogi Mirim-SP, no dia 27 de julho, muito bem acolhidos para refletir, cantar, orar e celebrar com as comunidades das cidades e dioceses que compõe a Sub-região Pastoral de Campinas. Éramos 102 pessoas (muitas mulheres, muito povo negro, gente da base) servidas de forma diaconal por equipes de serviço, no almoço, café e limpeza, com muito amor e carinho. Os jovens eram muito poucos: só uns cinco!

Para assessoria e debates contamos com o apoio do pastoralista e teólogo padre José F. Marins, vindo de Botucatu-SP; da leiga doutora em História Maria Cecília Domezi, vinda de Águas de São Pedro, da diocese de Piracicaba-SP; do padre Dr. Benedito Ferraro e do padre Claudio Menegazzi, de Campinas-SP; além de o professor Dr. Fernando Altemeyer Junior, da PUC-SP.

Todos ouviram com muita atenção, perguntaram, questionaram, deram depoimentos pessoais, conversaram muito, se abraçaram depois de quase cinco anos sem encontros por conta da pandemia. Foi um reencontro energético. Havia gente dos assentamentos do Sem Terra e até mesmo uma indígena Pankararu. Muito da alegria e do sucesso se deve à equipe de coordenação e em particular os esforços do Alex Pontes Tadeu. Deus os recompense com saúde, graças e bençãos abundantes.

Ah! café foi bem saboroso e o almoço foi espetacular com a vaca atolada. De lamber os beiços.

O tema central foi a espiritualidade das CEBS, a pessoa do Espírito do Ressuscitado que nos anima na defesa de todas as formas de vida. Vimos pelos depoimentos que muito padres nas dioceses são clericalizados e centralizadores e que será preciso criatividade e respeito para que a Igreja não desanime por ter alguns e maus pastores em modelo autoritário e obsoleto. Não podemos seguir mais com modelos medievais. Precisamos de igrejas rizomáticas, onde as raízes profundas se encontrem em Deus e se entreajudem na missão.

Começamos com um dia bem gelado que foi aquecendo no meio ambiente e no interior da Igreja. Houve momentos de emoção e de reflexão. Estávamos muito sintonizados com o papa Francisco e seu programa de Reforma da Igreja, para assumir a Igreja em saída.

Fomos abençoados pelo bispo e bom pastor da Igreja diocesana de Amparo, dom Luiz Gonzaga Fechio. Ele definiu as CEBs como um jeito teimoso de ser Igreja. Gostamos disso. Teimosia tal qual a audácia do Evangelho do Reino de Deus. Caminhar com serenidade e resiliência permanentes. Viver uma experiencia afetiva de Igreja.

Falamos da originalidade da proposta de Jesus: ser uma comunidade de base. Isto quer dizer: comunidade popular, comunidade simples, comunidade natural, comunidade de memória sem saudosismos, comunidade espontânea, comunidade desapegada de riquezas e dinheiro, reunidos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Falamos da originalidade da presença do Espírito Santo, nas Igrejas e no mundo em particular nas Igrejas domésticas e nas ruas. Falamos da originalidade da missão do Espírito de Jesus nos dias de hoje como vestígios da Trindade Santa como bem descreveu Santo Agostinho, em seu livro Confissões. Falamos das novas formas de ministério das leigas e leigos, sempre na luta em favor do povo negro, das mulheres e dos povos indígenas. Falamos da original mensagem da Palavra de Deus. Falamos da necessidade de assumir uma prática original neste ano de eleições e voto de cidadania política e na Igreja. Falamos do modelo de Igreja original em Betânia, Nazaré e Jerusalém. Igreja pequena, missionária e itinerante que supere os apegos querendo ser proprietária e controladora de Jesus como quis Lázaro em um primeiro momento até sua conversão depois de ficar quatro dias na cova e ser libertado por Jesus. Temos que sair para fora. LAZARO, VEM PARA FORA.

Celebramos a originalidade da Igreja como trinitária, que se encarna na Virgem Mãe de Deus para divinizar o humano em plenitude.

CEBS: jeito original de toda Igreja ser. Original quer dizer autêntico, criativo, genuíno, inédito, inicial, inovador, originário, peculiar, primitivo, primordial, protótipo, singular, único e semente do que colheremos no futuro. Queremos ser Igreja do jeito que Deus é: comunhão de pessoas.

Recordei da mensagem do papa Francisco recentemente:

“A Igreja é como a água: se a água não corre no rio, fica estagnada e adoece”, assim Francisco exortou os participantes do 15º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs para trilhar a estrada de uma Igreja em saída, porque, conforme o pontífice, quando “a Igreja sai, caminha, se sente mais forte”.

Eu saí renovado e abastecido pelo Espírito de Jesus. Senti Deus em meu coração e meu olhar. Agradeço ao povo das CEBS do Regional campineiro. Sigam com audácia e serenidade. Deus é bom.

Prof. Dr. Fernando Altemeyer Júnior, PUC-SP

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