Estamos diante de um tema instigante e forte, pois anunciar Jesus Cristo nos tempos de hoje possui muitas interpretações. Esta ação, que é constitutiva do ser cristão, implica em uma atitude de nossa parte, enquanto cristãos, como Igreja, uma postura de saída, de ir ao encontro dos outros, neste tempo urgente e com todas as questões e interrogações que são suscitadas em nós, e em todos. Implica também em conhecer a Cristo, conhecer este homem real e verdadeiro que está sendo anunciado. Se partirmos do ponto, de um ponto escatológico da fé, de que a Igreja vive do anúncio do Ressuscitado e é movimentada pela experiência do evento que o anúncio traz, a dimensão que motiva este fato é o que faz a Igreja ser o que é, na sua intenção missionária. Dizemos que estes são dados que constituem a intenção do nosso anúncio, que nos interpelam e lançam para nós um novo olhar, para o que pretendemos oferecer ao mundo de hoje, aos novos tempos.
Diante disso, perguntamos: o que nos motiva hoje a prosseguir com este anúncio? Quais são os desafios que estão à frente? Como entender e assimilar a fé?… Neste tempo?… Como viver neste tempo e nestas circunstâncias? Como anunciar Jesus Cristo hoje, de modo autêntico e vivo, profético e coerente? Invocativo e aberto?… Um Jesus com base evangélica e atual em si mesmo?… Um Cristo livre de nossas amarras e armadilhas… Um Cristo no qual devemos ser a imagem e semelhança e não o contrário… Um Cristo que nos abre um caminho de Reino, cuja práxis devemos seguir…
Perguntamos mais: onde é que estamos situados? A partir de onde e com quem falamos? Quem é a Igreja? A quem ela se destina? Quem é Jesus Cristo hoje? Que rosto é anunciado? Pois, é preciso entendê-lo, conhecê-lo para poder vivê-lo e anunciá-lo!…
Grandes questões e grandes desafios…
É possível dizer que o tempo atual, da sociedade e da Igreja, nos convida a um novo encontro com Jesus Cristo, um encontro forte e verdadeiro, místico e profético. Os documentos eclesiais, sobretudo a última encíclica do Papa Francisco, a Fratelli Tutti, apontam para isso. Mas aí nos vem à pergunta: que Cristo seguimos e que Cristo anunciamos? Para mim, no meu entendimento, isto nos exige uma nova postura eclesial, frente a um novo tempo e de uma nova compreensão que nos obriga a novas urgências. Este novo tempo e esta nova postura vão desencadear uma nova forma de ser cristão hoje, a qual exigirá coerência e relevância de atitudes. Não será uma postura baseada em fatos morais, construídos de forma abstrata, mas numa experiência profunda de vida, que nos chama e que nos liberta, que faz de nós novas criaturas e que nos convida a fazer novas todas as coisas.
Hoje, todos são chamados a trabalhar na “vinha do Senhor”, e todos possuem a mesma dignidade e importância, portanto, todos são necessários e insubstituíveis, cada qual naquilo a que foi chamado, mas todos em igualdade, fraternidade, dignidade, em comunidade. Este novo momento, também eclesial, leva-nos a cantar uma nova canção, em novo tom, na alegria, santificando o nome daquele que é e que vem, que vem para nos libertar. Somos chamados a colaborar, a servir, a anunciar Jesus Cristo a todos e em cada tempo, um anúncio na vida e na história, na prática e no testemunho, no ser e no fazer do Reino de Deus. Um Reino de paz, justiça e amor.
Você pode ler o primeiro artigo do colunista Kuzma através do link: https://portaldascebs.org.br/2020/10/20/chamados-a-acao-a-uma-igreja-em-saida-por-cesar-kuzma/