15º Intereclesial das CEBsNotíciasPublicações

Mensagem das CEBs aos Bispos do Brasil (CNBB)

Podcast Outro Papo de Igreja, do Serviço Teológico Pastoral

Do site CEBs do Brasil.

MENSAGEM DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE DO BRASIL (CEBs) AOS BISPOS DO BRASIL – CNBB

“As ovelhas escutam a sua voz, ele (o pastor) chama cada uma pelo nome e as leva para fora”

Jo 10,3

É com espírito fratersororal e no jeito de viver das CEBs, que caminham com Jesus de Nazaré, que encontramos inspiração para lhes escrever esta carta, com os melhores votos de feliz missão e em plena e fraterna comunhão como Igreja Sinodal, na qual, insiste o papa Francisco, “é preciso escutar com o ouvido do coração”. As CEBs querem escutar a voz do Pastor, mas também querem ser ouvidas!

Ao mesmo tempo em que somos gratos ao nosso papa Francisco pelo apoio manifestado: “Quero estar próximo a vocês neste 15º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base. Sigam trabalhando, vão adiante, não se esqueçam: Igreja em saída”, que está acontecendo nesses dias 18 a 22 de julho, aqui na Diocese de Rondonópolis-Guiratinga/MT, com o tema: “CEBs: Igreja em saída na busca de vida plena para todos e todas” e lema: “Vejam! Eu vou criar um novo céu e uma nova terra (Is 65,17ss), queremos expressar a nossa surpresa e também a nossa tristeza, diante do fato que, nas últimas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, a CNBB não sentiu a necessidade de nos chamar pelo nome – CEBs – para seguirmos as indicações dos nossos Pastores. As CEBs estão vivas e presentes em inúmeras Dioceses do Brasil, continuando a oferecer a sua contribuição para dar vida a uma Igreja em saída para as periferias, uma Igreja sinodal e missionária.

As CEBs nasceram sob a inspiração das primeiras comunidades cristãs, animadas pelo sopro do Espírito Santo de Deus, como um jeito simples de ser Igreja de Jesus a partir da renovação da Igreja pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Foram incentivadas pelas Conferências Episcopais de Medellín (1968), como célula inicial de estruturação eclesial e centro de evangelização (cf. 15,10), permitindo que o povo tenha maior conhecimento da Palavra de Deus, compromisso social em nome do Evangelho, surgimento de novos ministérios leigos e educação dos adultos na fé (cf. DAp 178), Puebla (1979), confirmadas por Santo Domingo (1992) e reanimadas por Aparecida (2007), que diz: “Queremos decididamente reafirmar e dar novo impulso à vida e missão profética e santificadora das CEBs” (n. 179). A 1ª Assembleia Eclesial Latino-americana e caribenha reafirmou a confiança na caminhada das CEBs no Continente: “As pequenas comunidades eclesiais ou de base, são a expressão de uma Igreja que quer assumir mais fortemente a opção pelos pobres. É importante revitalizar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), como um jeito de ser Igreja onde se vive a sinodalidade, espaço de inclusão da diversidade e de superação do clericalismo (cf. 316 e 317).

FOTO: Renan Dantas / Comunica15
FOTO: Renan Dantas / Comunica15

Os bispos da grande área missionária de nossa querida Amazônia, reunidos em Santarém, para celebrar os 50 anos do documento de Santarém, reafirmaram sua esperança na caminhada das CEBs, dizendo: “Ressaltamos a importância das Comunidades Eclesiais de Base, que constituem uma dinâmica muito própria da Igreja em nossas dioceses e prelazias. Reconhecemos nelas a força missionária de nossa ação evangelizadora e o sujeito eclesial da missão neste chão. Elas estão intrinsecamente implicadas no anúncio e na vivência da fé, na presença profética que torna evidente o Reino de Deus, no cuidado da casa comum” (n.º 42).

Por tudo isso, reafirmamos com o magistério que as CEBs são uma forte expressão da sinodalidade tão sonhada pela nossa Igreja! Não podemos negar que a profecia das CEBs foi inspiradora e parteira de tantos serviços, pastorais sociais e mãe de tantos Mártires e Profetas da caminhada de nossa Igreja na América Latina.

Compreendemos que a missionariedade, já é da natureza das CEBs. Não se pode conceber uma Comunidade Eclesial de Base que não seja missionária. E isso é visível desde a recepção criativa do Vaticano II no continente latino-americano e caribenho, pois as CEBs buscaram nos documentos do Concílio, orientações para sua ação evangelizadora e missionária:

  1. Uma espiritualidade bíblica (Dei Verbum);
  2. Ação transformadora no mundo (Gaudium et Spes); c) Coordenação partilhada na perspectiva da colegialidade e da sinodalidade (Lumen Gentium);
  3. Celebração dominical animada pela comunidade (Sacrosanctum Concilium);
  4. Uma igreja aberta à missão (Ad gentes)
  5. Abertura ao diálogo ecumênico e inter-religioso (Unitatis Redintegratio, Dignitatis Humanae e Nostra Aetate).

Então, qual a motivação para as Diretrizes não mais nomearem as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e sim, Comunidades Eclesiais Missionárias (CEMs)? Não será importante responsabilizar e valorizar a fé e o compromisso de tantos irmãos e irmãs nesta caminhada eclesial? É justo não apoiar e não estimular as tantas comunidades eclesiais de base que continuam na sua missão com a Igreja e para o bem da Igreja? Que lugar ocupam as CEBs no coração da CNBB?

Sentimo-nos contemplados, amparados e abençoados pelo Documento de Aparecida: nossa Espiritualidade sempre encarnada e enraizada no Evangelho de Jesus, sua Palavra viva, nos ilumina noite e dia. Por isso, reafirmando que as CEBs são missionárias como toda Igreja deve ser e com sentimento de pertença, solicitamos a reinclusão das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, nas próximas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

O trem das CEBs não pode parar de percorrer até o fim, os trilhos da vida do povo mais pobre e sofrido, como dom do Espírito de Deus e esperança dos pequenos. Continuaremos fiéis no caminho do discipulado de Jesus de Nazaré, carregando com alegria nos ombros, a nossa história e as nossas esperanças: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sl 84,11). Como Igreja Sinodal, reafirmamos nossa opção preferencial pelos pobres, através do testemunho profético e martirial, em fidelidade à nossa identidade, inspirada na Trindade Santa. Agradecemos o apoio de nossos Bispos acompanhantes e os demais das Dioceses e Prelazias de nosso Brasil.

Fratersororalmente em Jesus de Nazaré, na proteção de nossa Mãe Aparecida!

15º Intereclesial das CEBs do Brasil

Rondonópolis, 22 de julho de 2023.

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