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A mística libertadora da Mãe-Terra

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Por Marcelo Barros

Nestes dias, o sul do Brasil vive fortes ondas de frio. No Nordeste, o volume das chuvas foi excepcional. Nesta sociedade, marcada pelo descuido com os mais empobrecidos, provocou muitas mortes, inúmeras pessoas desabrigadas e grandes sofrimentos. Notícias internacionais revelam: “A revista Planet Lancet Planetary, publicação científica, revela o resultado da pesquisa de 30 pesquisadores internacionais: Em todo o mundo, a cada ano, a poluição mata nove milhões de pessoas. De 2021 para o final de março de 2022, em cada seis mortes, uma foi provocada pela destruição da natureza e pela contaminação do ar, da água ou do solo. Morrem três vezes mais pessoas, vítimas da poluição, do que de todas as outras doenças que afetam a humanidade. Em todos os continentes, esses fatores têm sido provocados pela industrialização forçada, pela explosão demográfica e urbanização descontrolada” (Le Monde, 5ª feira, 19/ 05/ 2022 p. 9).

É nesta realidade que, neste domingo, 05 de junho, a ONU celebra o Dia mundial do ambiente e cuidado com a Mãe Terra. Há 50 anos, nesta mesma data, em 1972, se inaugurava em Estocolmo, na Suécia, a 1ª Conferência Global sobre o Clima e Mudanças Climáticas.  Agora, 50 anos depois, novamente cientistas e ativistas da Ecologia se reunirão para tentar deter a marcha da destruição da vida. Os dados apontam que esta forma de organizar a sociedade e a economia já provocou a extinção de mais de 90% das espécies vivas no planeta Terra e ainda há algumas ameaçadas de extinção.  

É compreensível que muitas pessoas se perguntem o que podemos nós, cidadãos e cidadãs comuns fazer por esta causa. Antes de mais nada tomar consciência de que as mudanças climáticas e fenômenos como secas, inundações, terremotos e ondas de extremo calor ou de frio intenso têm sido provocados pela ação da sociedade. As centenas de pessoas que, na semana passada, morreram nas inundações da Zona da Mata de Pernambuco e Alagoas não foram em si vítimas da chuva e sim da sociedade que relega os pobres às áreas de risco, constrói bairros inteiros sem se preocupar com a rede de escoamento de água e dejetos líquidos e visando apenas o lucro da elite que, em geral, não se expõe nestas horas. Em anos de eleições, as pessoas comuns podem sim votarem em candidatos/as que se comprometam com uma agenda ecológica séria. No Brasil, todas as pessoas que votaram no atual governo e nos atuais congressistas são corresponsáveis da destruição da Amazônia, do Pantanal e de todos os biomas do nosso país. 

Neste ano, coincidentemente, neste domingo 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente,  as comunidades cristãs de Igrejas históricas celebram a festa de Pentecostes que recorda que o Espírito Santo, ventania do amor divino, se espalha sobre todo o universo. O livro dos Atos dos Apóstolos conta que, no primeiro Pentecostes cristão, pessoas das mais diferentes nações  puderam escutar o que os apóstolos diziam, cada um em sua língua e cultura própria (Atos 2). Isso significa que o Espírito Divino se manifesta nas mais diversas formas, conforme as espiritualidades próprias de cada grupo e cada cultura. Pode ser descoberto no culto dos Encantados indígenas, dos Orixás afro-brasileiros e em todo cuidado com a Ecologia Integral. Onde há cuidado com a Vida e responsabilidade uns com os outros e com a natureza, aí se manifesta o sopro divino do Amor. 

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