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Francisco, Bartolomeu e Welby: economias justas e sustentáveis. Ouvir o grito da terra

Podcast Outro Papo de Igreja, do Serviço Teológico Pastoral

Por Mariangela Jaguraba, do Vatican News

“Devemos decidir que tipo de mundo queremos deixar para as gerações futuras. Devemos escolher viver de forma diferente; devemos escolher a vida”, afirmam os três líderes religiosos na mensagem conjunta para a proteção da Criação.

Foi divulgada, nesta terça-feira (07/09), a mensagem conjunta do Papa Francisco, do patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, e do arcebispo de Cantuária, Justin Welby, para a proteção da criação. Francisco tinha anunciado a publicação do texto no final da Audiência Geral da última quarta-feira (1°/09).

Francisco, Bartolomeu I e Welby se unem pela primeira vez num apelo urgente para o futuro do planeta, alertando sobre a urgência da sustentabilidade ambiental, seu impacto sobre a pobreza e a importância da cooperação global. Eles exortam cada pessoa a fazer a sua parte na “escolha da vida” para o futuro da Terra.

A pandemia nos deu uma lição

Divulgada no âmbito do Tempo da Criação, que teve início na última quarta-feira (1°/09), tradicional tempo ecumênico de cura e esperança que exorta a renovar a nossa relação com Deus e com tudo o que nos circunda, a mensagem afirma que estamos todos interligados e que a pandemia nos deu uma lição que não é nova, mas que precisa ser abordada de novo. “Ninguém está seguro até que todos estejam seguros. As nossas ações realmente influenciam umas às outras, e o que fazemos hoje influi no que acontecerá amanhã”, lê-se no texto, que convida a considerar a calamidade mundial como uma oportunidade: “Não podemos desperdiçar este momento. Devemos decidir que tipo de mundo queremos deixar para as gerações futuras. Devemos escolher viver de forma diferente; devemos escolher a vida”.

Generosidade e justiça

A mensagem nos convida a ter uma visão ampla sem nos contentarmos com soluções convenientes de curto prazo e aparentemente baratas. Na realidade, elas se revelam efêmeras, escritas na areia, enquanto é preciso seguir caminhos que levam a escrever na rocha, estáveis e duradouros. “O conceito de gestão é um ponto de partida vital para a sustentabilidade social, econômica e ambiental”, ressaltam no texto. Os três líderes religiosos nos lembram que “maximizamos o nosso interesse às custas das gerações futuras” e apontam que se por um lado a tecnologia abriu novas possibilidades de progresso, por outro induziu a “acumular riquezas desenfreadas” com pouca preocupação com as outras pessoas ou com os limites do planeta. “A natureza é resistente, mas delicada. Temos a oportunidade de nos arrepender, de voltar atrás com decisão”. O caminho a seguir é o da generosidade e da justiça.

Consequências catastróficas para os mais pobres

A mensagem retoma várias vezes o conceito básico de que as mudanças climáticas não são apenas um desafio futuro, mas uma questão imediata e urgente de sobrevivência. Refere-se a eventos como incêndios, ciclones e elevação do nível do mar, eventos que agora estão criando desestabilização não apenas em países pouco equipados, mas também em países industrialmente desenvolvidos. As palavras contra a injustiça e a desigualdade são bem claras: a perda da biodiversidade, a degradação ambiental e as mudanças climáticas são as consequências inevitáveis de nossas ações, pois consumimos avidamente mais recursos da Terra do que o planeta pode suportar. Mas também estamos diante de uma “profunda injustiça: as pessoas que sofrem as consequências mais catastróficas destes abusos são as mais pobres do planeta e foram as menos responsáveis por causá-las”. Em termos mais especificamente evangélicos, precisamos voltar a restabelecer a nossa aliança com Deus criador, ser seus “companheiros de trabalho”.

Cooperação e oração pela COP26

Na mensagem conjunta dos três líderes cristãos, emerge claramente o pedido de “colaboração cada vez mais estreita entre todas as igrejas em seu compromisso com o cuidado da criação. Juntos, como comunidades, igrejas, cidades e nações, devemos mudar de rumo e descobrir novos caminhos de trabalhar juntos para abater as barreiras tradicionais entre os povos, para parar de competir por recursos e começar a colaborar”. A advertência é explícita: hoje, estamos pagando o preço. Amanhã pode ser pior. Escolher a vida também significa autocontrole. O Papa Francisco, Bartolomeu I e o arcebispo Welby convidam os líderes mundiais a rezarem antes da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26), que será realizada em Glasgow de 1 a 12 de novembro próximo, qualquer que seja o credo ou visão do mundo, a se esforçar para ouvir o grito da terra e dos pobres, examinando o próprio comportamento e comprometendo-se em sacrifícios significativos para o bem da terra que Deus nos deu. Eles convidam também a rezar a fim de que as pessoas trabalhem juntas e assumam a responsabilidade de como usar os recursos, bem como por aqueles com responsabilidades de longo alcance, para que sempre sejam guiados pela busca de lucros centrados nas pessoas, a fim de “fazer uma transição para economias justas e sustentáveis”.

Leia abaixo a declaração em português:

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