ColunistasFrei Marcos Sassatelli, op

O Ser humano histórico-individual (2)

Podcast Outro Papo de Igreja, do Serviço Teológico Pastoral

(Continua a série de artigos sobre o Ser humano) 

Para o Ser humano histórico, “ser-no-mundo” individualmente, significa não só “ser-no-mundo” corporeamente (como vimos), mas também “ser-no-mundo” bio-psiquicamente (vitalmente). A dimensão da bio-psiquicidade (vitalidade) é constitutiva da individualidade humana. O Ser humano individual “é-na-vida”, “é-vida” (bio-psique). É vida individual ou indivíduo vivente. 

Depois da percepção de sua corporeidade, a segunda (não no sentido cronológico, mas lógico) experiência existencial (concreta) que o Ser humano individual (o indivíduo) faz de si mesmo é a percepção de sua bio-psiquicidade (vitalidade). 

A palavra “vida” (bios) ou “alma” (“nefes”, “psique”) significa o Ser humano individual todo enquanto ser vivente (bio-psíquico). Quando se diz que o Ser humano individual é “vida” (bio-psique), o sujeito é sempre o Ser humano individual todo (integral), mas a ênfase (o destaque) é colocada na sua bio-psiquicidade (vitalidade). 

De fato, aprofundando nossa reflexão sobre um Ser humano individual concreto (um indivíduo), a segunda coisa que se constata é que o indivíduo todo – e não uma parte dele – é vida (bio-psique). O Ser humano individual “é integralmente vida”. 

A bio-psiquicidade – como a corporeidade – diz respeito ao Ser humano individual todo (integral), mas não é a totalidade do Ser humano individual. 

Enquanto ser bio-psíquico, o Ser humano individual relaciona-se com o mundo vivente, é natureza vivente e identifica-se com ela. Como “ser de natureza material vivente”, o Ser humano individual tem também suas raízes na matéria viva (vivente). A natureza do indivíduo humano é, em segundo lugar, “a de suas células: em princípio idênticas à natureza de todos os seres vivos com apenas a diferença na sua programação diversa que lhe impõe as ‘fichas perforadas’ muito especiais que são seus cromossomos e seus genes. É, finalmente, a natureza de seus órgãos e sistemas internos, bastante semelhantes aos de muitos de seus contemporâneos e ‘antepasados’….” (GIMÉNEZ, G. Hacia una Ética de Liberación social. Universidad Católica, Assunción, Mimeo 1972, p. 101-102).

O Ser humano individual, por ser parte da natureza material vivente e produto de sua evolução, acha-se completamente submetido às leis gerais do desenvolvimento da mesma. 

Por exemplo, o Biólogo, enquanto cientista, pode provar – pela verificação experimental – e afirmar com razão que todos os fenômenos humanos individuais são totalmente biológicos: produtos de um conjunto de células vivas. O mesmo Biólogo, porém, sempre enquanto cientista, não pode provar e nem afirmar que o biológico (o vivente) é ou não é a totalidade do Ser humano individual. 

O Psicólogo, também, enquanto cientista, pode provar – pela verificação experimental – e afirmar com razão que todos os fenômenos humanos individuais são totalmente psíquicos: produtos de um conjunto de caracterizações psíquicas. O mesmo Psicólogo, porém, sempre enquanto cientista, não pode provar e nem afirmar que o psíquico é ou não é a totalidade do Ser humano individual. 

(No próximo artigo continuaremos as nossas reflexões, mostrando que – para o Ser humano histórico – “ser-no-mundo” individualmente significa ainda “ser-no-mundo” espiritualmente ou pessoalmente)

Compartilhando:

Para uma visão mais aprofundada e abrangente dos temas tratados, leia: Ética da Libertação. Uma abordagem filosófico-teológica. Lutas Anticapital, Marília – SP, 2023 (p. 384).

Marcos Sassatelli, Frade dominicano

E-mail: mpsassatelli@uol.com.br

 Goiânia, 21 de abril de 2024  

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