Reunidas na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Diocese de Foz do Iguaçu, nos dias 10 e 11 de Março de 2018, assessores/as e coordenadores/as das CEBs disseram, em sintonia com o lema do Décimo Quarto Intereclesial que aconteceu em Londrina de 23 a 27 de Janeiro deste ano: “Ouvi, Senhor, o clamor do vosso povo!”. Entre os clamores deste povo, estão: a construção e a vivência do ecumenismo; a Campanha da Fraternidade deste ano que clama pela superação da violência e por um mundo em que todos e todas nos reconheçamos mutuamente como irmãos e irmãs; pela celebração do dia internacional da mulher; pela organização de nossas cidades, para que sejam cada vez menos excludentes e menos violentas; pela paz na terra, especialmente no campo; pelos direitos dos povos e das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, para que sejam respeitadas no direito de viver; pelas comunidades para que assumam com coragem profética a defesa da vida e, em sintonia com o Papa Francisco, sejamos a Igreja Povo de Deus na terra. O grande compromisso trazido de Londrina foi o engajamento nas lutas sociais em defesa da vida, da justiça e da liberdade.
Com a presença da coordenação Regional composta por Salete Bagolin (Curitiba); Leoni Garcia (Londrina); Padre Geraldino (Apucarana); Dom Manoel, Bispo de Cornélio Procópio e que também compõe a coordenação justificou sua ausência, pois estava numa formação dos Leigos em sua Diocese. Refletimos e fizemos encaminhamentos sobre temas importantes para as CEBs e para toda a Igreja neste momento desafiador em que vivemos. Como: como é que compõe o modelo de ser igreja das CEBs? Quanto aos critérios de escolha das representações, que sejam cada vez mais participativos. Com relação aos períodos de duração dos mandatos, que sejam seguidas as orientações de cada Diocese para não criar conflitos locais. Que registremos e publiquemos o máximo possível de nossas atividades, para que possamos aprender uns com os outros e também dá visibilidade as ações das CEBs. Com a presença ativa e as palavras sábias de Dom Dirceu, que disse: “Devemos caminhar juntos, e crescer como Igreja. Nunca viver isolados”.
Fizemos uma breve Análise de Conjuntura e constatamos que a Igreja está sob ataques e acusações, desmedidas, desrespeitosas e sobretudo, infundadas. São alvos destas forças contrárias ao Vaticano II, ao Papa Francisco e por isso, contra os Bispos que carregam o cheiro das ovelhas. Isto atinge em cheio a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB -, e por mais que pareça paradoxal, estão usando o tema da Campanha da Fraternidade “Fraternidade e superação da violência”, para acusá-la de contradição. Utilizam o número 2263 e seguintes do Catecismo da Igreja Católica, para combater a CF-2018 e defender o direito a legitima defesa e por consequência, o armamento da população. Trata-se, no entanto de uma leitura fundamentalista e de uma incoerência sem limites. Sugerimos a leitura de (Mateus 5, 1-12) para alimentar a nossa ação profética. As CEBs estão e estarão, cada vez mais em comunhão com a cultura da paz, da fraternidade e da construção de um mundo mais irmão, como propõe a CNBB. Afinal, somos seguidores e seguidoras do Príncipe da paz (Isaías 9,5 Lucas 2,13-14;), Ele que mesmo em situação extrema de violência, disse a Pedro: “Guarda a espada no seu lugar. Porque todos os que usam a espada morrerão” (Mateus 26, 52).
Os ataques igualmente preconceituosos, covardes e infundados que grande parte das lideranças das pastorais vêm sofrendo nos últimos três anos, agora, são feitos também contra as autoridades eclesiásticas. E as CEBs precisam continuar solidárias aos nossos pastores. As forças que os atacam são anticristãs e ante evangélicas. O tal Bernardo “dono da verdade” expôs uma realidade na sua ótica, do lugar e dos interesses que ele tem. A Igreja em saída recebendo ataques. Neste sentido, o Décimo Quarto foi profético. Promoveu encontros, construiu relações e desmistificou as falsas acusações. Acolher permanece uma experiência incrível para as CEBs. A coragem amorosa e profética de Dom Geremias, assim como o gesto de solidariedade do colegiado de mais de sessenta Bispos presentes, a ele, nos comoveu. Nos fortaleceu e nos fortalece. Não percamos a referência da Igreja cantada pelo Padre Zezinho e parafraseando nós fazemos coro: “Somos a Igreja do Amor, do Pão partilhado do Abraço e da Paz”.
Dom Dirceu disse-nos que “Quando a Igreja faz ouvir a sua voz profética, ela incomoda. A Igreja de Jesus Cristo é uma Igreja que reza e age. Não desistam! Quem quiser ter tranquilidade na Igreja é só não fazer nada!”. Nas discussões das províncias foi muito enfatizada a importância de se ter critérios e saber as instâncias para decidir quem vai aos encontros das CEBs e aos espaços de representação e de participação das CEBs nas Dioceses.
Ao acompanharmos a leitura da carta do Décimo Quarto Intereclesial, cientes do que no diz Jesus, “Não tenham medo aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mateus 10,28). Sabemos que é o amor do Cristo que nos impulsiona e nos move (2Corintios 5, 14-15). Dentro da troca de experiências é bastante confortante saber que são muitas as iniciativas de atividades, inclusive formativas, que as CEBs fazem nas Dioceses de todo o Regional Sul2. Celebramos na Arquidiocese de Curitiba, a presença profética, amorosa e acolhedora de Dom Francisco Cota. Foi um encontro de afetividade e de identificação mútua entre o pastor e o rebanho. A Arquidiocese está com um Curso de CEBs que busca um olhar na realidade histórica Ontem e Hoje e Aprofundamento Bíblico. Temos a Escola de Ensino Social da Igreja em Umuarama. A Diocese de Londrina compartilhou a alegria e o conflito de acolher o Décimo Quarto Intereclesial. À luz desta experiência marcante está construindo o 16º Plano Pastoral. Compõem o Plano a Leitura Orante da Bíblia, o método Ver-Julgar-Agir. A Diocese de Foz do Iguaçu está estudando nas três áreas, o Documento 107 da CNBB, Iniciação à Vida Cristã. Já a Diocese de Paranavaí que tem um jornal há dez anos, e querem dar uma cara mais das CEBs. Campo Mourão tem agendadas quatro reuniões para a coordenação este ano. Celebra o dia da Santíssima Trindade; café da manhã nos Domingos com a comunidade, após a missa; tem o dia da partilha e a Festa do Povo de Deus.
É importante a experiência de Maringá, com sessenta e oito paróquias – Regiões Pastorais – trabalha em parceria com o COMID, Conselho de Leigos, formado por duas pessoas por Paróquia, vai começa a Celebração dos Mártires, tendo Dom Oscar Romero como exemplo. Tem aproximadamente vinte mil famílias organizadas e grupos. A caçula, a Diocese de São José dos Pinhais, com Bispo recém empossado, Dom Celso Antônio Marchiori, também é organizada em setores. Tem o dia da cultura em forma de partilha. Apucarana disse de forma bonita, que já nasceu com a vocação de CEBs. São sessenta e cinco Paróquias e cinco Decanatos. E assim é formada a equipe diocesana. A Diocese de Toledo tem trinta e uma Paróquias e quatro Decanatos. Tem uma formação agendada para toda a Diocese, com o Teólogo Leigo e Poeta João Santiago. O tema será, “Papa Francisco: de uma Igreja Missionária a uma Igreja em Saída, com base na Tese de Doutorado do Professor Mario Antonio Betiato. A Diocese de Cornélio Procópio tem como tema: CEBs, um novo jeito de ser Igreja – Ser Igreja na Base. Dá ênfase à Leitura Orante da Bíblia. A Diocese de Cascavel se apresenta como em início de caminhada. Ainda não tem uma equipe diocesana organizada. Tem uma escola da diocese que, grosso modo, o diz o que as pessoas querem ouvir. Palmas/Francisco Beltrão tem uma parceria com a ASSESSOAR, ainda não definiu a coordenação das CEBs e tem a escola diocesana. Jacarezinho está organizada em setores, e estão em caminhada constante. Quatro dioceses não estavam presentes, e as mesmas são da Província de Curitiba, o qual foi refletido sobre as estratégias de articulação.
As CEBs estão vivas e defendendo a vida no Regional Sul 2. O Décimo Quarto Intereclesial de Londrina veio trazer mais unidade e consciência cristã para as comunidades e aproximou muito toda a Igreja. O compromisso assumido em Londrina de nos inserirmos ainda e com mais vigor nas organizações sociais, contribui com os temas centrais do Ensino Social da Igreja, buscando aproximação com o Centro de Estudos Bíblicos – CEBI – e reforçar aonde já existe. Como bem diz o Frei Carlos Mesters, “Precisamos fazer uma interpretação que ajude o povo a reapropriar-se da Bíblia como um livro que lhe pertence”. Que o Deus da vida nos abençoe, caminhe conosco, e seja por nós reconhecido.
Curitiba, 23 de março de 2018.
João Santiago e
Claudio Hernandes.
Arquidiocese de Curitiba.