Depois da última ceia Jesus faz um discurso de despedida, pedindo a seus discípulos que continuem o caminho começado na Galileia para Jerusalém. A experiência da cruz fez com que os discípulos se sentissem desolados, perdidos e sem saber para onde ir. Uns, como os de Emaús, tentaram voltar para casa, outros, como Pedro tentaram voltar para o trabalho. De fato, em Pentecostes, eles se encontravam fechados em casa com medo.
A pergunta que se faziam é: o que será de nós sem Jesus?
O Senhor os conduzia era Ele quem ia à frente, mostrando o caminho; era ele que estava no meio, sanando as dúvidas e resolvendo as diferenças; era ele quem estava por trás, protegendo, socorrendo, acalmando a tempestade e, principalmente, rezando por eles.
Nossa fé não pode naufragar
Só pode naufragar quem está flutuando. De fato, a navegação é algo extraordinário, empreender uma viagem de um ponto ao outro, sobre a liquidez de um rio ou oceano. Em alguns momentos nos cremos inabaláveis, seguros, presunçosos. Quando incensamos com nossas próprias conquistas, com nossas próprias certezas, com o nosso próprio estilo de vida. Acreditamos que tudo está bem, criamos para nós um caminho, uma verdade e uma vida.
Quão sólidas são as certezas que construímos, quando confiamos mais em nós mesmos, do que em Deus?
Acreditamos que o caminho é produzir, gerar riqueza, construir um patrimônio e isso nos daria segurança, felicidade e vida.
Acreditamos que a formação acadêmica, cientifica e profissional nos daria todas as respostas necessárias, todo o conhecimento, toda a verdade.
Acreditamos que o conforto conquistado por nosso sucesso profissional, nossas opções de lazer, nosso culto a estética e a moda, nossa vivência de fé light, nos daria o estilo de vida ideal.
Pensávamos que sabíamos, que como com fórmulas mágicas -estudo, trabalho e conforto – encontramos a equação da perfeição, bastando preencher esses requisitos, abracadabra! Temos o nosso Reino perfeito.
Agora a pandemia balança nossa navegação. O presente assusta. Queremos a segurança da casa ou do trabalho, não será uma fuga? Nos fechamos por medo. Também por medo, julgamos, atacamos, acusamos, discriminamos e, pior, praticamos violências. A pandemia nos faz tomar consciência: acreditávamos ter claros o caminho, a verdade e a vida, mas não temos!
Resta reconhecer e perguntar: Vamos nos encerrar fechados pelas portas da ignorância?
Ou teremos a humildade de Tomé para perguntar: Senhor, como podemos conhecer o caminho? E como Felipe, pedir: Senhor, mostra-nos o Pai.
Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.
Não conhecemos, suficientemente, a Jesus para saber o caminho e a verdade. Precisamos andar com Ele, conhecer a Ele, para termos vida. A vida verdadeira que é viver em Deus.
Peçamos essa graça: Não fiquemos sem Jesus!
Nesse tempo até podemos completar dizendo: Fique em casa! Fique com Jesus!
Pe. Fabio Antunes do Nascimento
Diocese de Coxim