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A CNBB urge o governo a tomar “medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta”

Podcast Outro Papo de Igreja, do Serviço Teológico Pastoral

Por Luis Miguel Modino


Depois da nota lançada pelo episcopado latino-americano, através do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, na quinta-feira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB acaba de emitir uma outra nota onde diante dos “absurdos incêndios e outras criminosas depredações”, vê a necessidade de “posicionamentos adequados e providências urgentes”.

Seguindo os princípios recolhidos pelo Papa Francisco na encíclica Laudato Si, a nota, assinada pela presidência do episcopado, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler, OFM, 1º Vice-Presidente da CNBB, Dom Mário Antônio da Silva, 2º Vice-Presidente da CNBB, e Dom Joel Portella Amado, Secretário-Geral da CNBB, diz que “o meio ambiente precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral”.

A presidência da CNBB diz que a situação atual, determinada pela “gravidade da tragédia das queimadas, e outras situações irracionais e gananciosas, com impactos de grandes proporções, local e planetária, requerem que, construtivamente, sensibilizando e corrigindo rumos, se levante a voz”. Nesse sentido, os bispos deixam claro que se faz necessário uma voz profética, firme, que defenda um dos grandes princípios do Papa Francisco e do Sínodo para a Amazônia, o cuidado da casa comum, e dos povos que a habitam, secularmente vulnerados.

A nota faz uma advertência sobre a possibilidade de chegar em “perdas irreparáveis”, e para evitar isso urgem a “escolher agir com equilíbrio e responsabilidade”, em vista de assumir “a nobre missão de proteger a Amazônia, respeitando o meio ambiente, os povos tradicionais, os indígenas”, uma atitude que não está presente no atual governo brasileiro, com contínuos pronunciamentos contra a Amazônia e os povos que a habitam, especialmente os indígenas.

Por isso, os bispos fazem um chamado a que cada um “Levante a voz”, procurando “esclarecer, indicar e agir diferente, superar os descompassos vindos de uma prolongada e equivocada intervenção humana, em que predomina a “cultura do descarte” e a mentalidade extrativista”. Para combater isso, se “exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, Estados e da Igreja”. Os primeiros em dar uma resposta urgente têm que ser “os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil”, deixando de lado” desvarios e descalabros em juízos e falas”, atitude muito presente no atual governo, empenhado em declarações que mostram pouca vontade de preservar a Amazônia, bem pelo contrário, dá carta livre aos depredadores.

Foto de capa: UOL notícias.

Nota da CNBB 

O povo brasileiro, seus representantes e servidores têm a maior responsabilidade na defesa e preservação de toda a região amazônica. O Brasil possui significativa extensão desse precioso território, com o rico tesouro de sua fauna, flora e recursos hidrominerais. Os absurdos incêndios e outras criminosas depredações requerem, agora, posicionamentos adequados e providências urgentes. O meio ambiente precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral, em sintonia com o ensinamento do Papa Francisco, na sua Carta Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado com a casa comum.

“Levante a voz pela Amazônia” é um movimento, agora, indispensável, em contraposição aos entendimentos e escolhas equivocados. A gravidade da tragédia das queimadas, e outras situações irracionais e gananciosas, com impactos de grandes proporções, local e planetária, requerem que, construtivamente, sensibilizando e corrigindo rumos, se levante a voz.

É hora de falar, escolher e agir com equilíbrio e responsabilidade, para que todos assumam a nobre missão de proteger a Amazônia, respeitando o meio ambiente, os povos tradicionais, os indígenas, de quem somos irmãos. Sem assumir esse compromisso, todos sofrerão com perdas irreparáveis.

O Sínodo dos bispos sobre a Amazônia, outubro próximo, em sintonia amorosa e profética com a convocação do Papa Francisco, no cumprimento da tarefa missionária e da evangelização, é sinal de esperança e fonte de indicações importantes no dever de preservar a vida, a partir do respeito ao meio ambiente.

“Levante a voz” para esclarecer, indicar e agir diferente, superar os descompassos vindos de uma prolongada e equivocada intervenção humana, em que predomina a “cultura do descarte” e a mentalidade extrativista. A Amazônia é uma região de rica biodiversidade, multiétnica, multicultural e multirreligiosa, espelho de toda a humanidade que, em defesa da vida, exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, Estados e da Igreja.

É urgente que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas. “Levante a voz” na voz profética do Papa Francisco ao pedir, a todos os que ocupam posições de responsabilidade no campo econômico, político e social: “Sejamos guardiões da criação”.

Vamos construir juntos uma nova ordem social e política, à luz dos valores do Evangelho de Jesus, para o bem da humanidade, da Panamazônia, da sociedade brasileira, particularmente dos pobres desta terra. É indispensável para promovermos e preservarmos a vida na Amazônia e em todos os outros lugares do Brasil. Em diálogos e entendimentos lúcidos, que se “levante a voz”!

Brasília-DF, 23 de agosto de 2019.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral da CNBB

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