“De que serviria, afinal, adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Primeiro dá de comer a quem tem fome e depois ornamenta a sua mesa com o que sobra. Queres oferecer-Lhe um cálice de ouro e não és capaz de lhe dar um copo de água? De que serviria cobrir o seu altar de toalhas bordadas a ouro, se visses alguém necessitado de alimento e, deixando-o cheio de fome, fosses adornar de ouro a sua mesa, pensas que ele se mostraria agradecido para contigo ou indignado contra ti? E, se o visses coberto de andrajos e morto de frio, o deixasses sem roupa e lhe fosses levantar colunas de ouro, dizendo que o farias em sua honra, não pensaria ele que estavas a escarnecer da sua indigência com a mais sarcástica das ironias?
Lembra-te de que é o mesmo que fazer a Cristo, quando O vês errante, peregrino e sem teto, e tu, sem O receberes, adornas o pavimento, as paredes e as colunas do templo; suspendes cadeias de prata para os candelabros, mas não vai visitá-lo quando ele está preso nas cadeias do cárcere. Também não digo isto para impedir os ornamentos sagrados, mas para que se faça uma coisa sem omitir a outra; ou melhor, exorto-vos a tratar do irmão necessitado, antes de ir adornar o templo. Ninguém foi acusado por omitir esse segundo cuidado; mas quem despreza os pobres está condenado aos castigos do Inferno, ao fogo inextinguível e aos suplícios na companhia dos Demônios. Por conseguinte, enquanto adornas o templo, não esqueças o teu irmão que sofre, porque este templo é mais precioso que o outro”. (S. João Crisóstomo [sec. V]. Homilia sobre Mateus. Homilia 32).
O texto foi publicado na página do Facebook do Vanildo Paiva, em 28 de maio de 2018.