Durante os dias 19 a 21 de julho de 2019 aconteceu em Porto Velho o II Encontrão das Comunidades Eclesiais de Base na Amazônia – II Nortão das CEBs. Participaram 504 delegados das diversas partes do Norte do país: Regional Norte 1 (AM e RR), Regional Norte 2 (PA e AP), Regional Norte 3 (TO, prelazia de São Félix do Araguaia – MT, diocese de Conceição do Araguaia – PA) e Regional Noroeste (Sul do AM, AC e RO), destacamos o envolvimento de muitas pessoas na preparação do encontro, aproximadamente 60 pessoas nas equipes de serviços, 200 famílias acolhedoras, e a participação efetiva da juventude. Com o tema “Espiritualidade das CEBs na Amazônia” e lema “Por causa da tua Palavra” (Lc 5,5).
No primeiro dia do evento, as famílias acolhedoras receberam os delegados nas Paróquias Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Fátima, São Cristóvão, Sagrada Família, São Luiz Gonzaga e São João Bosco. Todas as paróquias acolhedoras e as demais paróquias da capital realizaram a celebração da Palavra.
Nas plenárias, que ocorreram no segundo dia, o tema Espiritualidade foi abordado com diversas vertentes. Na plenária Espiritualidade e o Cuidado da Vida, Irmã Cristiane Rodrigues abordou como subtema a “A Utopia do Bem Viver”, e destaca a observação para quatro pontos: encarnação, missão, cruz e ressurreição. A plenária Espiritualidade e o Sínodo da Amazônia foi conduzida através da assessoria de Dom Roque Paloschi, Ir. Flávia e Nádia Moura, que pautaram a reflexão na apresentação do Documento de Trabalho (Intrumentum Laboris) para o Sínodo da Amazônia. Dom Roque salientou que novos caminhos se descobrem juntos, como Igreja, com a participação de todos e todas. Foi destacado também que a Amazônia é uma região vasta, composta de muitas vozes: ribeirinhos, povos da cidade, imigrantes, caboclos, diversos povos indígenas, etc. Na plenária Espiritualidade e as Políticas Públicas a serviço da vida, Dom Giovane de Melo retratou os desafios da Igreja nos tempos atuais, uma pré-modernidade, de uma Igreja hierárquica, toda ela ministerial, em que não há a preocupação de olhar para os pobres. Assim, foi apresentado como de ser feita a participação consciente e ativa na construção de políticas públicas: nos conselhos paritários de direito, nas escolas de fé e cidadania, Utilizar as mídias; as audiências públicas; nos conselhos gestores ou de direitos; conferencias; fóruns e reuniões; criar políticas públicas ou setoriais; educar para o humanismo solidário; redescobrir o bem comum; participar com destaque da jornada mundial dos pobres; e encontros nacionais. Na plenária Espiritualidade e os povos da Amazônia, assessorada por Ir. Emília Altini, Fr. Volmir Bavaresco, e Ir. Laura Vicuña retratou sobre a desconstrução dos paradigmas, e repensar do modelo cristão de vivenciar a espiritualidade, em que tudo está interligado, passando pelo cuidado da mãe terra, a partir da visão dos povos originários.
No domingo, a grande plenária foi conduzida por Dom Erwin Kräutler com o tema: “Igreja na Amazônia: Palavra de Deus encarnada na realidade”. Dom Erwin destacou que as CEBs são genuinamente latino-americanas e que a Amazônia não se entende como Igreja sem CEBs. Sobre o lema, nos diz: “por causa da tua Palavra, é Deus Quem nos fala, e por isso é necessário alguém ouvir. Deus está onde o povo se ama, onde lutamos por um mundo mais justo e fraterno, onde estendemos as mãos e se abraçamos.” E destaca ainda que a comunidade tem quatro dimensões: Evangelho, Profética, Família, e Orante contemplativa.
No encerramento do encontro aconteceu a caminhada das comunidades no percurso da paróquia São Cristóvão até a Catedral Sagrado Coração de Jesus fazendo memória e celebrando os dez anos do 12º Intereclesial.
Na homilia da celebração eucarística de encerramento, dom Erwin diz que a missa de encerramento é missa de reinicio da nossa missão um envio para nossas comunidades para retomar com toda a paixão a caminhada das Cebs. “As comunidades de base são comunidades proféticas, não tenham medo, tenham coragem e audácia. Nada de desanimo, nós temos uma missão profética e se nós não anunciarmos, as pedras da rua vão falar, somos chamados e enviados apaixonadamente a dar testemunho por aquilo que acreditamos. Somos uma família, não apenas companheiros somos irmãos e irmãs e é isso que o mundo tem que ver.” E ainda destaca que a Igreja precisa de quatro pilares: o anúncio, testemunho, serviço e diálogo.”
Em continuidade na homilia, dom Roque fala que no documento de trabalho do Sínodo para Amazônia, diz que na Amazônia pode-se vê as carências de Deus que se manifesta de muitas maneiras, é o lugar onde Deus se manifesta e nós precisamos tirar as sandálias porque é terra sagrada. Para isso precisamos superar a lógica da exclusão, da morte, da ganância, e saber viver a alegria de quem é capaz de partilhar e respeitar o jardim que Deus nos deixou. Ter o cuidado com a casa comum, mas também com os povos desta região. Finalizou
O encontro foi reanimador para as comunidades da região norte neste momento em que se vive o horizonte do Sínodo para a Amazônia.
Em 2023, as comunidades eclesiais de base da Amazônia se encontram na cidade de Itacoatiara/AM.
Matéria publicada no site da Arquidiocese de Porto Velho, em 22 de julho do ano corrente. Texto: Ísys Araújo e Elisandra Freitas. https://arquidiocesedeportovelho.org.br/noticias/arquidiocese-1/22-07-2019/ii-encontrao-das-comunidades-eclesiais-de-base-na-amazonia-anima-as-comunidades-da-regiao-norte
Fotografia: Gerson Rocha