Papa Francisco fez oficial neste sábado, 4 de maio, a nomeação do Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, como relator geral do Sínodo para a Amazônia. Junto com o cardeal foram nomeados dois secretários especiais, Dom David Martinez de Aguirre Guiné, Bispo de Puerto Maldonado, no Peru, e Padre Michael Czerny, SJ, subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados para o Serviço de Desenvolvimento Integral Humano.
Dom David Martinez de Aguirre Guiné, desde a floresta amazônica, observou que diante da nomeação do Papa Francisco, assumindo a Secretaria Especial do Sínodo, se sente “mais uma vez surpreso e assustado, mas também podemos dizer que confiante de que Deus será conosco e fazemos parte de uma Igreja, uma equipe de muitas pessoas, irmãos e irmãs que servirão nossa Igreja Pan-Amazônica”. O bispo de Puerto Maldonado reconhece que é hora de “tentar que os medos, o susto, não nos impeça de manter o entusiasmo para energizar esta Igreja amazônica, o sonho de novos caminhos para nossa Igreja e para uma ecologia integral”.
O bispo de Puerto Maldonado vê a necessidade de “tentar ser fiel aos povos amazônicos, ribeirinhos, indígenas, muitas pessoas se estabeleceram em nossas cidades amazônicas, com a ilusão de poder servi-los e responder aos desafios que a nossa Igreja amazônica tem, não só para ela, mas para todo o planeta”. O bispo dominicano, disse que estava “também grato ao Papa Francisco pela confiança que mais uma vez coloca em mim, na minha opinião confiança imerecida”, querendo “poder servir e fazer o melhor na medida de nossa capacidade, confiando em tantos irmãos e irmãs que estaremos lá, de mãos dadas, sonhando juntos em uma Igreja amazônica, em novos caminhos para toda a Igreja universal e também para uma ecologia integral”.
Diante da nomeação, o Secretário Executivo da REPAM, Mauricio Lopez, disse que “a primeira coisa para expressar é um sincero e genuíno agradecimento ao Papa Francisco por seu profundo amor para a Pan-Amazônia na nomeação”. Segundo ele, “esta nomeação expressa seu profundo compromisso com a realidade concreta, amor à Igreja, que vai itinerando, peregrinando, inculturada e se interculturando nesta realidade”. Nesse sentido, continua Mauricio Lopez, “nas nomeações é revelado o compromisso do Papa Francisco, desde um carinho profundo por uma reforma sinodal profunda, cuidadosa e um profundo amor pela Igreja de Cristo encarnado, que quer iluminar toda a Igreja universal e ajudar no caminho de gerar novas perspectivas”.
No caso do Cardeal Hummes, sua nomeação, segundo o Secretário Executivo da REPAM, “reflete a confiança do Papa para o seu serviço missionário, o conhecimento da realidade, que lhe levou a percorrer praticamente toda a Pan-Amazônia nos últimos anos, e onde é revelada sua valorização da sabedoria”. Não podemos esquecer que, no caso do Cardeal Hummes, depois de voltar de seu serviço na Congregação vaticana para o Clero, em princípio para se aposentar e descansar, ele tem comandado o processo da REPAM.
Nesse sentido, Mauricio López vê a nomeação do cardeal Hummes como uma “expressão de afeto, gratidão e confiança para a REPAM. A toda a REPAM está nos pedindo para somar em comunhão sinodal pelo fato do Cardeal Hummes ter sino nomeado como a figura de maior peso dentro do Sínodo, juntamente com o próprio Papa Francisco como seu presidente. ”
Referindo-se a Dom David Martinez, o Secretário Executivo da REPAM vê nele “a Igreja encarnada, inculturada, intercultural, com quinze anos de serviço prestado no meio dos povos, com o conhecimento de sua identidade, a sua língua, a sua cultura, um verdadeiro amor por aquilo que são os povos originários, pelo encontro de diferentes expressões da vida e onde Deus está presente, um homem que acolheu o Papa nesta visita pela primeira vez no território amazônico em Puerto Maldonado”.
Para entender onde está o coração e o serviço que pode dar a este sínodo Dom David Martinez, podemos lembrar de como foi organizado o auditório onde o Papa Francisco reuniu-se com os povos originários, disse Mauricio Lopez, que recorda que “o Papa Francisco estava rodeado pelos anciãos dos povos indígenas, mulheres e homens afetados pela violência associada ao extrativismo, à violência no território, depois os vários povos com suas culturas e riqueza, e só então, mais para trás, as autoridades civis, eclesiásticas e outros convidados”.
Em Puerto Maldonado “o Papa foi e primeiro ouviu, celebrou e viveu, como parte dessa riqueza cultural, em seguida, falou com firmeza”, disse Mauricio Lopez, para quem Dom David Martínez de Aguirre, “ele reflete isso e, por outro lado é uma expressão da vida religiosa, que é o que sustenta a missão da Igreja em muitos lugares”.
A nomeação do jesuíta Michael Czerny, muito comprometido com uma das principais causas de Papa Francisco, como é a questão dos migrantes e refugiados, que mostrou na primeira saída do seu pontificado em Lampedusa, onde ele queria mostrar que a periferia tem de ser Centro. Mauricio Lopez vê no jesuíta a figura de um homem que passou muitos anos no Vaticano, colaborando com o Cardeal Turkson, alguém que “tem mostrado grande tradição de opção pela justiça social em sua própria congregação Jesuíta”. O Secretário Executivo da REPAM reconhece a ajuda do Padre Czerny, “para entender seu serviço universal, serviço à Igreja global de acompanhamentos que nos deu e como ele tem nos levado a servir outras realidades territoriais como a bacia do Congo ou na região Ásia-Pacífico”.
“Esta nomeação de três homens absolutamente de Deus, completamente envolvidos no caminho sinodal da Igreja, independentemente da ocorrência deste Sínodo, e de comunhão profunda com o itinerário de Francisco, chama-nos a sentir que aqui está se dando a conversão sócio- pastoral, a conversão socioambiental e a conversão sinodal de uma igreja que quer ser cada vez mais a serviço do Reino, servindo as periferias, para que elas também possam iluminar, e ao serviço desses novos caminhos para a Igreja e para ecologia integral”, conclui Mauricio López.
Foto de capa: Site da CNBB