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Nota de esclarecimento da diocese de Macapá

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A Diocese de Macapá, através da Pastoral da Comunicação e da Comissão Pastoral da Terra, vem a público apresentar alguns esclarecimentos dos fatos ocorridos nesta terça-feira, 25/2, na localidade de São Benedito da Campina, e amplamente divulgado pelos meios de comunicação, envolvendo o administrador paroquial de São Joaquim do Pacuí, padre Dennis Kltz, e o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) diocesana, padre Sisto Magro, ambos missionários do Pontifício Instituto de Missões Exteriores (Pime).

1. Enquanto realizavam visita de caráter pastoral pela área, prática comum na atividade desenvolvida pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) há mais de 40 anos em solo amapaense, especialmente após denúncias de membros de comunidades da região, os missionários se deslocaram até as proximidades da Fazenda São Sebastião com o objetivo de se certificar inicialmente de que a ocupação da área apresentava a identificação de licenciamento exigida por legislação. Para isso, realizavam no momento um registro fotográfico da placa que deveria conter as informações da natureza do uso e a validade do licenciamento da mesma. O registro, para ciência e arquivo em relatórios da CPT, fora o motivo do início das discussões entre aquele que se apresenta como proprietário e os missionários. Vale ressaltar que se tratava apenas do registro da placa, instrumento obrigatório de publicidade do licenciamento.

2. Os padres estavam fora da área propriedade quando do inicio do desentendimento entre as partes. O acesso a área só fora realizado pelo fato da placa com as informações do licenciamento não está fixada nas proximidades da cerca, como deveria estar em propriedades rurais para transparência e/ou fiscalização.

3. Após a discussão, os padres tomaram a decisão de se retirar do local quando foram surpreendidos pelo senhor proprietário avançando e debruçando-se para dentro do carro dos padres na intenção de retirar, ou mesmo, quebrar a chave na ignição para impedir que os mesmos se retirassem do local. Na tentativa frustrada de apropriar-se da chave do carro que os padres estavam, o senhor proprietário iniciou as agressões físicas ao padre Dennis, desferindo sobre o religioso socos entre as costelas, peito e cabeça, comprovados pelo exame de corpo de delito realizado pelo sacerdote.

4. Em nenhum momento os padres realizaram qualquer tipo de ameaça ou atentado a vida tanto do proprietário quanto de seus familiares. Todo o contato físico ocorreu tão somente em caráter de preservação da própria integridade física dos missionários, após a iniciativa de agressão pela outra parte.

5. Ainda enquanto pretendiam retirar-se do local, os padre foram surpreendidos com o carro dirigido pelo proprietário em direção aos dois sacerdotes quando já haviam retornado para o interior do automóvel de uso nas atividades pastorais naquela região. Pela manobra realizada pelo motorista e pelo estado que o transporte do sacerdote foi atingido percebe-se a intencionalidade de agressão direta, o que poderia ter uma conseqüência fatal, que felizmente, não ocorreu.

6. Após todo o ocorrido, os missionários dirigiram-se as autoridades policiais onde também realizaram o boletim de ocorrência. Na próxima quinta-feira, 27, uma audiência Delegacia Geral de Polícia será realizada com a presença das partes envolvidas para esclarecimentos.

7. Diante dos fatos e esclarecimentos, a Diocese de Macapá manifesta solidariedade aos missionários e recorda seu compromisso na construção de uma sociedade mais justa, em favor dos menos favorecidos, dos pobres e excluídos. Compromisso este expresso na iniciativa de organismos envolvidos na promoção da justiça e do bem comum, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT). O fato ocorrido às vésperas da Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade, que este ano tem como tema Fraternidade e Vida – Dom e Compromisso, ressalta a urgência de um autêntico testemunho cristão em defesa da dignidade da vida e das famílias no interior do estado que hoje sofrem com a apropriação e ocupação da terra de forma muitas vezes indevida.

Macapá/Ap, 26 de fevereiro de 2020
Pastoral da Comunicação
Comissão Pastoral da Terra

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